Análise de Mercado | Comentário Semanal – 06/06/2022
Confira as principais movimentações
30 a 03 de junho
A conjuntura econômica da China, dos EUA e da Europa, além da pressão do preço do petróleo, foram os destaques no cenário internacional. No Brasil, a queda na taxa de desocupação e o resultado do PIB abaixo do esperado movimentaram as notícias no país.
China
Nesta semana, o Governo chinês reforça a afirmação de que a política de covid zero é apropriada. Dessa forma, não é de se descartar surpresas a respeito de novas regras sobre o lockdown.
“Entretanto, continuamos a entender, que o mercado espera mais incentivos: fiscais ou monetários e, assim, estimular a economia.”
É o que notamos com o movimento do Governo reduzir os juros e compulsórios; ordenar os bancos públicos a separação de US$ 120 bi para projetos de infraestrutura; a disponibilização de uma linha de crédito para trabalhadores imigrantes desempregados e; uma linha de empréstimo para compra de caminhões. Com isso, a política monetária estabilizará o crescimento econômico.
Como comentamos em janeiro, é importante acompanhar a conjuntura econômica das duas principais enonomias do mundo – EUA e China – que estão opostas – EUA vem em vigorosa recuperação e China vive um dos seus piores momentos, em termos de atividades, desde a crise de 2008.
Petróleo
Preços do petróleo segue pressionado. O atual embargo às importações de petróleo russo deve manter os preços da commodity elevados, ressaltamos a necessidade de monitorar a decisão da Hungria como fato relevante no desenrolar das negociações.
Arábia Saudita estaria preparada para aumentar a produção, mas não é suficiente a compensação.
Nesta sexta-feira passada (03), ocorreu a última reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), porém com indefinições. A adesão da Rússia é o principal fator de dúvida para efetivação de cortes da oferta pela Opep.
Europa
A taxa anual de inflação ao consumidor chega ao nível recorde de 8,1% na zona do euro.
A inflação nos 19 países que compartilham o euro acelerou de 7,4% em abril para 8,1% em maio na base anual, superando as expectativas de 7,7%, com aumento generalizado dos preços.
Dados que corrobora com a visão atual de que os juros do BCE precisam subir antes do último trimestre. Destacamos que esse aumento inflacionário vem em meio à escalada dos preços de energia e alimentos.
EUA
Na semana, Janet Yellen, secretária do Tesouro dos EUA, deu indícios de que poderia estar equivocada a respeito da trajetória da inflação. Ela indicou que o erro aconteceu pelos seguintes motivos: choques na economia, problemas nas cadeias de fornecimentos, além da forte alta dos preços de energia e alimentos, pois não haviam sido antecipados da forma correta.
Segundo ela, os fatores afetaram a economia de uma forma pior do que o esperado. No entanto, a secretária afirmou que agora o Federal Reserve (Fed), está tomando os passos necessários para lidar com o tema, e que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, está trabalhando para providenciar o que for preciso para ajudar a autoridade monetária.
Ela também avalia que os EUA estão no “pleno emprego”, mas com inflação elevada demais.
Fed
Como previsto, o Fed começou no dia 1 de junho, o processo para reduzir seu portfólio de ativos de US$ 8,9 trilhões.
O Fed deixará até US$ 30 bilhões em Treasuries e US$ 17,5 bilhões em MBS (ativos lastreados) vencerem a cada mês sem reinvestir o montante obtido.
A ideia é começar a reduzir o passivo do banco e, em setembro, o volume irá dobrar – US$ 60 bilhões em Treasuries e US$ 35 bilhões em MBS, reduzindo ainda mais o portfólio.
Vale lembrar que membros do Fed da Filadélfia entendem que uma diminuição no volume de ativos da ordem de $3 trilhões exerce o mesmo impacto econômico que um hike de +50bps nos juros básicos.
Brasil
Desde o início do ano (janeiro), dados da Febraban, já mostraram uma leve alta dos inadimplentes, deixando os bancos mais cautelosos para disponibilizar crédito.
Atualmente, com a atualização dos dados, podemos notar que o patamar elevado do endividamento das famílias, de 77,7% em abril, é o maior nível da série histórica. E ainda é um dos possíveis elementos detratores, principalmente no segundo semestre. A inadimplência da pessoa física avançou de 2,9% em agosto de 2021 para 3,3% em fevereiro deste ano.
Taxa de Desemprego – PNAD
A taxa de desocupação da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) caiu para 10,5% no trimestre móvel encerrado em abril, ficando abaixo da mediana do mercado (10,9%). Número que surpreendeu positivamente as expectativas, pois a taxa é a menor desde fevereiro de 2016 (10,3%).
Entendemos que essa melhora se deve à forte atividade econômica no início do ano (revisões de PIBs mais altos).
Olhando para os dois lados:
- O negativo, temos a queda no rendimento real, pois a alta da inflação vai corroendo o poder de compra da população
- O positivo, temos a população com a nova renda retornando ao consumo de bens e serviços, e, consequentemente, a receita das empresas aumenta, em especial aquelas de consumo cíclico, que têm uma correlação positiva com a dinâmica econômica.
PIB
O PIB avançou 1,0% no primeiro trimestre de 2022 comparado ao trimestre anterior. Resultado abaixo do projetado pelo mercado que aguardava avanço de 1,2%.
Um dos destaques positivos no trimestre foi o avanço do setor de serviços, principalmente serviços prestados às famílias, que estão sendo beneficiados pela reabertura econômica e retomada das atividades presenciais. Em contrapartida, o destaque negativo ficou para o setor agropecuário, com a disparada nos preços dos insumos.
Entretanto, entendemos que esse resultado abaixo não é “negativo”, pois os dados de confiança de abril e maio foram bons e, além disso, temos alguns estímulos fiscais na mesa:
- Liberação do FGTS;
- Antecipação do 13º salário;
- Pronampe (amplia a concessão de empréstimos)
O que acompanhar nos próximos dias?
- Rússia cortou o fornecimento de gás na Dinamarca, Finlândia, Polônia, Bulgária entre outros países;
- BC do Canada eleva juros de 0,50% para 1,5% a.a. e sinaliza novas altas;
- Investidores estrangeiros elevaram a posição em juros;
- Os Estados do Brasil propuseram o aumento da taxação de empresas de petróleo como forma de destravar o teto de 17% para o ICMS;
- Boatos de greve dos caminhoneiros: possível medida para abertura de crédito extraordinário para controle da alta de preços do diesel;
- Aumento do Vale Alimentação para funcionários do Executivo pelo Bolsonaro;
- Senado aprova projeto que reduz conta de luz com uso de tributos cobrados indevidamente.
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