Análise de Mercado | Destaques da Semana – 06/06/2023
Extensão no teto da dívida dos EUA e deflação no IGPM
Nos EUA, o Senado aprovou a extensão do teto de endividamento, que segue agora para sanção presidencial, colocando um fim ao impasse que se arrastava pelas últimas semanas.
Com a expectativa de um crescimento global menor, o petróleo segue em queda, o que fez a Opep + se reunir e anunciar uma nova redução na produção de barris, sendo que a Arábia Saudita fará um corte voluntário adicional. Informações que circulam nos bastidores indicam que a Rússia segue vendendo petróleo, a despeito das sanções, e colocando o preço ainda mais baixo.
No Brasil, o IGPM registrou uma deflação marcante de -1,84% m/m em maio, ante -1,61% esperado e após -0,95% registrado em abril. Com isso, acumula taxas de -2,58% no ano e de -4,47% em 12 meses. Sabemos que podem existir grandes defasagens, entretanto o processo para queda da inflação é: Commodities; Bens; Serviços e Núcleos.
No campo político, o presidente Lula teve algumas “derrotas” no Congresso, e se envolveu pessoalmente para articular alguns casos. Em outras palavras, com um Congresso conservador, o presidente terá que reestruturar o Modus Operandi.
Europa – Inflação
Na Zona do Euro, a prévia da inflação ao consumidor (CPI) acumulou alta de 6,1% em 12 meses, enquanto o consenso apontava alta de 6,3%. O número mostra que a inflação segue arrefecendo na região.
Os membros do Banco Central Europeu (BCE) mantêm a consistência nos discursos, reforçando que mesmo após esse dado mais fraco, o ciclo de alta dos juros será mantido.
Lembramos que a Alemanha está em recessão técnica, enquanto a Espanha antecipa o clima de eleições. Além disso, os dados mais recentes dos PMIs na Zona do Euro continuam mostrando uma notável contração da atividade industrial, que está no sentido oposto do setor de serviços, que tem impedido uma desaceleração mais acentuada da atividade econômica.
EUA – Payroll
No mês de abril, o payroll registrou a geração líquida de 339 mil empregos, bem acima do esperado pelo consenso de mercado (195 mil). Entretanto, a taxa de desemprego aumentou para 3,7%, acima das expectativas do consenso de mercado (3,5%).
A taxa de participação se manteve estável e o indicador de ganho médio por hora saiu em linha com a expectativa 0,3% m/m, entretanto o dado de abril foi revisado levemente para baixo de 0,5% para 0,4%.
China – PMI Industrial
- O setor industrial da China vem em contração acentuada. Em março, tivemos dados bastante positivos para o PMI da China, que ficou em 52,6 pontos, indicando expansão da atividade. Entretanto, depois de então, o dado vem em queda.
China – PMI Industrial Caixin
Já o PMI industrial Caixin (S&P Global/Caixin) passou da marca de contração (49,5 em abril) para 50,9 em maio, que renova a expectativa do mercado.
A Bloomberg noticiou que a China trabalha em novas medidas de apoio ao mercado imobiliário. Os planos ainda estariam sujeitos a mudanças, mas fica claro o entendimento da necessidade de medidas do governo para estimular a economia.
Brasil – Produção Industrial
A produção industrial brasileira teve uma queda de 0,60% em abril, e, ajustado para 12 meses, uma queda de 2,70%. No acumulado do ano, a produção registrou um declínio de 1,0%.
O dado reforça a ideia de que o ambiente financeiro restrito e os efeitos defasados da política monetária na economia real resultarão em um enfraquecimento dos setores econômicos. Contudo, a expectativa ainda é positiva para o PIB final de 2023, que está sendo puxado principalmente pelo setor agrícola.
Em outras palavras, o resultado de abril contribui para reforçar o enfraquecimento da atividade brasileira no ano. Vale destacar que a elevação do grau de incerteza jurídica e econômica deve continuar desestimulando os investimentos nos próximos meses, e deve penalizar o desempenho da Indústria, sobretudo a produção de Bens de Capital ao longo do ano. Com a expectativa de manutenção da taxa Selic em 13,75% por mais tempo, setores industriais ligados ao crédito continuarão sendo penalizados pelo encarecimento do custo do crédito e aumento gradativo da inadimplência.
Brasil – Caged e PNAD
- O CAGED registrou criação líquida de 180 mil vagas em abril, um pouco abaixo da mediana do mercado (187k), mas ainda demonstrando um mercado de trabalho aquecido. A leitura apresenta uma desaceleração gradual.
- PNAD: a taxa de desemprego caiu para 8,5% no trimestre finalizado em abril (ante 8,8% em março) e abaixo da mediana do mercado (8,7%).
- Após a forte trajetória de recuperação do mercado de trabalho ao longo dos últimos meses, visualizamos uma desaceleração mais lenta do que o esperado. Entretanto, se a Selic se mantiver no atual patamar por um período mais longo, poderemos ter uma desaceleração da atividade econômica e, consequentemente, um aumento no desemprego.
Brasil – PIB
O PIB do 1º trimestre de 2023 avançou 1,9% na comparação com o 4° trimestre de 2022, acima da expectativa do mercado (1,2%). Em relação ao primeiro trimestre de 2022, o crescimento foi de 4%, também acima das expectativas (3,1%).
A maior contribuição veio do setor de Agropecuária, com forte alta de 21,6% (1,7 p.p.) ante o trimestre anterior. O crescimento expressivo no Agro já era esperado pelos analistas, porém, a magnitude foi surpreendente, sendo a maior desde 1996. O setor tem peso de cerca de 8% na economia, segundo a metodologia do IBGE. No mesmo período, os serviços avançaram 0,5% (0,30 p.p.), e a indústria retraiu 0,8% (-0,2% p.p.).
Sob a ótica da demanda, o Consumo das Famílias foi o responsável pelo maior impacto (0,10 p.p.) seguido do Consumo do Governo (0,06 p.p.).
Diante do resultado mais forte, diversas revisões nas estimativas para o PIB vêm sendo realizadas, com a média das projeções saindo de 1% para 2% (números próximos). Não obstante a essa forte expansão no primeiro trimestre deste ano, a expectativa do mercado é de uma redução desse impulso daqui para frente, com possibilidade, inclusive, de PIB negativo no 2º trimestre.
Os investimentos tiveram uma queda significativa e o setor industrial teve resultados fracos, compatíveis com o ponto em que estamos no ciclo econômico. Diante desse cenário, mantemos uma visão cautelosa em relação à atividade econômica nos próximos trimestres, apesar dos resultados sólidos no mercado de trabalho, que segue com taxa estruturalmente baixa, nos menores níveis desde 2015. Em breve, faremos uma revisão para o PIB de 2023, atualmente estimado em 1,2%, com possibilidade de uma revisão positiva devido ao bom desempenho do primeiro trimestre.
Esta percepção deriva do fato de que a forte alta no início do ano ficou concentrada em setores menos sensíveis ao ciclo de aperto monetário, sobretudo a Agropecuária. Em contrapartida, sinais negativos podem ser extraídos dos componentes mais sensíveis à alta de juros. Destacamos aqui os desempenhos mais próximos à estabilidade dos Serviços e da Indústria pelo lado da oferta e do Consumo das famílias, formação bruta de capital fixo e Importações pelo lado da demanda. Dessa forma, a sustentação do crescimento apenas pelo setor da Agropecuária pelo lado da oferta ao passo em que observamos desaceleração da demanda interna nos leva a enxergar um cenário prospectivo de desaceleração da economia nos próximos trimestres, fazendo com que o crescimento no ano venha abaixo do carrego estatístico deixado pelo desempenho do primeiro trimestre (2,4%).
Brasil – Curva de NTNB
Brasil – Curva de Juros
Com a tramitação do arcabouço fiscal evoluindo no Senado e uma expectativa de inflação menor, as curvas de Juros e Inflação seguem fechando.
Brasil – Pontos Para Acompanhar
- Possível mudança na meta de inflação, (Hoje 2023 3,25% e 2024 3% provável mudança 2023 3,25% e 2024 3,25%, mantendo a banda 1,5%);
- “Mais ruído do que sinal”, Presidente fala para um tipo de eleitor;
- Reforma tributária;
- Estabilidade do sistema;
Brasil – Avançando
- Em evento (JP Morgan, Santander e Credit Suisse), investidores estrangeiros veem Brasil como uma oportunidade; JPMorgan, Santander enxergam ambiente global único para o Brasil. Bofa vê nova âncora fiscal como catalisador positivo. Conferência do FMI: Brasil é um dos preferidos;
- Desonerações acabando, aumenta a nossa arrecadação (decisão do STJ referente ao ICMS, MP 1152);
- Novo arcabouço fiscal
- FMI: Fiscal é crucial para juros no Brasil;