Análise de Mercado | Destaques da Semana – 13/06/2023
O mundo segue com dados mais fracos; em território nacional, o destaque foi o IPCA abaixo do piso
Na última semana, tivemos a divulgação de dados de atividade econômica nos Estados Unidos, que vieram levemente abaixo da expectativa, reforçando a perspectiva de manutenção do atual patamar de juros pelo FOMC.
Entretanto, o mercado tem sinalizado que o Federal Reserve (Fed) pode seguir o “modelo Yellen” (ex-presidente do Fed), com possíveis aumentos espaçados entre reuniões (aumento, pausa, aumento…).
Já na zona do euro, algumas economias (dentre as quais Irlanda, Holanda, Alemanha e Grécia) reportaram contração econômica entre janeiro e março deste ano. Dessa forma, o bloco de 20 países viu seu PIB cair 0,1% no primeiro trimestre. Apesar da desaceleração econômica, a expectativa de elevação dos juros é mantida.
No Brasil, Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central (BC), disse em uma palestra que o cenário inflacionário “clareou um pouco” e que, apesar de as expectativas longas estarem hoje desancoradas, elas devem ceder em breve (Bloomberg).
Nesse cenário de otimismo, temos observado gestores informando que estão tomando risco.
Se tratando do cenário corporativo, o Morgan Stanley elevou para overweigth a classificação dos ADRs de Petrobrás, ou seja, o banco vê possibilidade de valorização dos papéis.
Na política, o presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira sugeriu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que troque o ministro da Casa Civil. Essa sugestão tem o intuito de contornar uma possível crise entre o Executivo e o Congresso. Lira também reforçou que o congresso é liberal, reformista e conservador.
Por fim, o PIB brasileiro vem sendo revisado para cima. Com a atividade relativamente fraca, IGPM com deflação e IPCA arrefecendo mais forte, cresce a expectativa pelo início do ciclo de cortes nos juros. É importante ressaltar que a geração de renda em um setor específico do PIB tende a se espalhar para os demais setores da economia.
EUA – ISM Serviços
O ISM de Serviços de maio ficou abaixo das expectativas do mercado, com 50,3 pontos, ante uma expectativa de 52,4.
Os Novos Pedidos (52,9 pontos) tiveram uma desaceleração significativa no período, assim como o indicador de Emprego (49,2 pontos). Importante mencionar que há incerteza em relação à trajetória da economia, o que resulta em uma pausa nas contratações.
O setor de Serviços está apresentando certa volatilidade na margem, com sinais de acomodação conforme indicado pelo ISM. No entanto, outros indicadores, como os dados de consumo (PCE) e o Payroll, reforçam a resiliência da demanda doméstica.
China – CPI
A taxa anual da inflação ao consumidor (CPI) da China subiu apenas 0,2% a/a em maio, ante a expectativa de 0,3% a/a. A continuidade no recuo dos preços das commodities explica boa parte do arrefecimento da inflação. Lembramos que esses dados, de maneira geral, frustaram o mercado, pois para uma economia se manter pujante, espera-se que a inflação venha em linha com o projetado ou até mesmo mais forte.
Entretanto, reforçamos que, neste momento, a China está exportando deflação para o mundo.
China – PPI
O dado de inflação ao produtor (PPI) da China teve queda (deflação) anual de -4,6% em maio, ficando ainda mais negativa do que o consenso de -4,3%.
China – Moeda
O crescimento da economia chinesa segue muito abaixo das metas estabelecidas, o que fez com que o governo, mais uma vez, apresentasse mais medidas expansionistas, dessa vez na forma de corte de juros. Com juros mais baixos, a moeda chinesa perde valor.
China – MSCI
Com esse novo estimulo, vamos monitorar a resposta do índice de ações da China.
Brasil – IPCA
O IPCA de maio apresentou uma variação positiva de 0,23% com relação ao mês anterior, abaixo da expectativa do mercado, de 0,33%, acumulando uma alta de 2,95% no ano e 3,94% nos últimos 12 meses.
A média dos núcleos, que é uma métrica que elimina os efeitos de bens voláteis, ficou ligeiramente abaixo da expectativa. Entretanto, a difusão dos preços apresentou um número bastante positivo, atingindo 55,97%. Além disso, a difusão de serviços, conforme observado no IPCA-15, também diminuiu nesta leitura, ficando em 54,4%.
É importante destacar que a melhora qualitativa observada nos últimos indicadores continua a influenciar as projeções com um viés de queda (desinflação mais forte).
Ciclo de Juros
Ciclos de alta e queda da inflação, os movimentos dos BCs e as reações do mercado
Item 2/3: atual ciclo dos EUA; estamos vendo a migração para o item 3/4.
Item 3/4: atual ciclo do Brasil (provável início do ciclo de corte – em agosto de 2023 com uma pequena possibilidade de iniciar em junho)
Brasil – Pontos Para Acompanhar
- Possível mudança na meta de inflação: alteração de Meta Calendário (quando é determinada que a meta da inflação de 3% precisa ser alcançada em 2024) para a Meta Contínua (quando o Banco Central desenha a trajetória para atingir a meta não necessariamente no próximo ano, podendo alcançar em 2025, por exemplo);
- “Mais ruído do que sinal”, Presidente fala para um tipo de eleitor;
- Reforma tributária;
- Estabilidade do sistema;
Brasil – Avançando
- Em evento (JP Morgan, Santander e Credit Suisse), investidores estrangeiros veem Brasil como uma oportunidade; JPMorgan, Santander enxergam ambiente global único para o Brasil. Bofa vê nova âncora fiscal como catalisador positivo. Conferência do FMI: Brasil é um dos preferidos;
- Desonerações acabando, aumenta a nossa arrecadação (decisão do STJ referente ao ICMS, MP 1152);
- Novo arcabouço fiscal
- FMI: Fiscal é crucial para juros no Brasil;