Análise de Mercado | Destaques da Semana – 20/06/2023
Zona do Euro
- Juros
O Banco Central Europeu (BCE) elevou em 25 bps os juros, para 4% ao ano, em linha com o esperado, representando a oitava elevação consecutiva.
- Inflação
Na Zona do Euro, o CPI (Inflação ao Consumidor) de maio veio em linha com a expectativa de 6,1% nos últimos 12 meses, enquanto o núcleo registrou alta de 5,3% no mesmo período.
EUA
- Fomc
Durante a reunião ocorrida após o décimo aumento consecutivo dos juros, o FOMC deciciu encerrar o ciclo de alta contínuo e manter as taxas no patamar entre 5% e 5,25% ao ano.
Na tabela de projeções que foi divulgada (Dots), cada membro do FOMC projeta qual será a trajetória dos juros para o final de cada ano:
Na divulgação anterior, o Dots estava em torno de, 5,1%, enquanto na divulgação mais recente, aparentemente, o Dots tem 2 altas finalizando o ano em 5,6%.
Ou seja, sabemos que até o final deste ano temos mais 4 reuniões e, dado essa projeção do FOMC, entendemos que ele poderá adotar o “modelo Yellen” (pausa, alta, pausa e alta). Podemos concluir que o FOMC quer ganhar tempo e observar os dados, o efeito da alta e, principalmente, afastar o cenário de cortes que o mercado já precifica.
Conclusão: viveremos com uma inflação mais alta e juros mais altos.
- Inflação (CPI)
Nos Estados Unidos, o CPI (Inflação ao Consumidor) de maio avançou 0,12% m/m, em linha com o consenso de mercado (0,1% m/m). O movimento foi puxado pela forte deflação de energia (-3,6%% m/m), que sofre maior influência de fatores sazonais e que não incorporamos integralmente nas estimativas. Por outro lado, os itens de alimentos voltaram a acelerar (0,2% m/m), puxados tanto pela alimentação fora de casa, quanto ao domicílio.
O núcleo de inflação também ficou levemente acima das estimativas (0,44% vs 0,4% m/m), refletindo a maior pressão do núcleo de bens. No resultado acumulado em 12 meses, a inflação americana atingiu 4,0% e o núcleo de inflação ficou em 5,3%.
Retirando os itens voláteis do núcleo de e observando o chamado “supercore”, ou seja, núcleo de serviços sem habitação, métrica mais acompanhada pelo Fed, vemos uma aceleração mais clara (de 0,11% m/m para 0,24% m/m), entretanto, ainda que abaixo dos 0,3% na média dos últimos 6 meses.
A evolução dos dados de consumo e do mercado de trabalho ainda dão suporte para uma inflação elevada no segundo semestre, o que suporta a expectativa de juros altos por mais tempo e sem cortes nesse ano.
Inflação ao Produtor (PPI)
Ainda nos EUA, a inflação ao produtor em abril veio novamente abaixo das expectativas, com o índice geral desacelerando para 0,2% m/m, em comparação com a expectativa de 0,3% do consenso. Ao mesmo tempo, o núcleo da inflação desacelerou na mesma intensidade.
O PPI continua surpreendendo com inflação abaixo do esperado, e o CPI começa apresentar uma composição mais favorável, ou seja, vamos avaliar os próximos dados da atividade que, por enquanto, está mostrando sinais de acomodação.
No lado agregado de inflação, o núcleo do PPI ainda permanece em patamar mais elevado, conforme divulgado pelo próprio núcleo do CPI. Ou seja, a queda no PPI sugere uma queda no próximo CPI.
- Varejo e Indústria Resilientes
No lado da demanda, o varejo americano agregado apresentou avanço de +0,4% m/m (em termos nominais) em abril, mais fraco do que esperado. Por sua vez, o núcleo do varejo, que exclui itens de consumo mais voláteis, acelerou mais do que o esperado, de +0,7% m/m vs 0,4%.
Já no lado da oferta, a indústria avançou 0,5% m/m em abril, com leitura mais positiva do que a esperada pelo consenso (0,0%), mas com revisão negativa do dado de março (em especial para os níveis de utilização da capacidade instalada (-40 bps)).
A despeito da desaceleração da economia já esperada para o 2T23, o balanço das famílias em patamar saudável e um mercado de trabalho apertado devem evitar a percepção de uma recessão no curto prazo.
China
- MSCI
Na China, os dados de atividade continuam a indicar desaceleração e fraqueza na economia. O Goldman Sachs revisou para baixo a expectativa do crescimento chinês, de 6% para 5,4%. Para tentar combater a desaceleração econômica, o governo promoveu corte nos juros e cortes nos preços do varejo, da gasolina e do diesel. Ou seja, a China vem aumentando a aposta nos estimulos e, consequentemente, o mercado fica com uma expectativa de melhora nos dados economicos.
Brasil
- Perspectiva Positiva S&P Ratings
Na quarta-feira, a agência de rating americana Standard & Poor’s colocou o Brasil em perspectiva positiva. A nota do país segue a mesma, BB-, mas há uma possibilidade de ela ser aumentada para BB. Sinais de maior certeza sobre políticas fiscais e monetárias estáveis podem beneficiar as atuais perspectivas de baixo crescimento do PIB do Brasil.
Apesar do déficit fiscal ainda elevado, o crescimento contínuo do PIB mais a estrutura emergente para a política fiscal podem resultar em um aumento menor do ônus da dívida do governo do que o inicialmente esperado.
Isso é um ótimo início para uma perspectiva de início de revisões, pois, sabemos que alguns fundos enormes e “passivos” (exemplo: fundo de pensão) só podem investir em países com grau de investimento.
Outro ponto que já estamos percebendo é na valorização da nossa moeda e no fechamento dos juros longos. Ou seja, essa melhora no câmbio, na bolsa e nos juros futuros (melhora no kit Brasil) ajuda o Banco Central a formalizar um início de ciclo de queda da Selic, talvez já na próxima reunião.
Por enquanto, a expectativa de grande parte do mercado é que o Banco Central deve abrir espaço no comunicado para dar indícios de que a Selic deve cair somente em agosto.
- Volume de Serviços
Segundo o IBGE, em abril de 2023, o volume de serviços no Brasil caiu -1,6% m/m (consenso: -0,1%), e acumula alta de +2,7% a/a (consenso: 4,5%). Os números vieram bem piores que o esperado, porém com uma revisão positiva do anterior de +0,9% para +1,4% m/m.
O resultado negativo do setor de serviços reforça nossa visão de desaceleração da economia devido às condições financeiras restritas e aos efeitos defasados do ciclo de aperto monetário. É importante destacar que o setor de serviços já vinha apresentando enfraquecimento no primeiro trimestre deste ano, e o resultado de abril aumenta as perspectivas negativas para o setor ao longo do ano. No entanto, é possível que os serviços apresentem alguma reação positiva no futuro, impulsionados pelo aumento do salário mínimo, do salário dos servidores federais e pela antecipação do pagamento do abono salarial.
- Vendas no Varejo
O núcleo do volume de vendas do comércio varejista no Brasil apresentou variação positiva de 0,1% em abril de 2023, um pouco abaixo do esperado pelo mercado (+0,2%).
Mais uma vez, o comércio varejista ampliado, que inclui veículos, motos, material de construção, entre outros, foi a grande surpresa deste mês, mesmo registrando contração. O setor mostrou redução de -1,6% m/m em suas vendas, melhor do que o esperado pelo mercado (-2,2% m/m). O resultado reflete a queda em vendas de veículos (-5,9%) e peças e materiais de construção (-0,8% m/m).
A conjuntura de juros elevados segue trazendo desafios ao setor varejista, ou seja, essas condições financeiras restritivas podem reduzir as surpresas recentes do varejo. Por outro lado, os reajustes já realizados no salário-mínimo, nos rendimentos dos servidores públicos federais e na antecipação do abono salarial a partir de maio podem dissipar os efeitos contracionistas das taxas de juros.
- Curva de NTN-B
- Curva de Juros
O mercado segue na expectativa para o início de um novo ciclo de cortes nos juros.