Retrospectiva 2023: eventos econômicos e políticos
O ano de 2023 trouxe acontecimentos relevantes nos campos econômico e político, com impacto sobre os preços de ativos. O ciclo termina com saldo mais positivo do que o imaginado em janeiro, conforme mostramos no gráfico abaixo:
O crescimento econômico excedeu o projetado, enquanto a inflação, a taxa de juros e o câmbio fecharam dezembro abaixo do esperado no início de 2023. Apenas o resultado fiscal veio dentro dos cálculos dos analistas. Nos Estados Unidos, por outro lado, os juros fecharam em patamar elevado, na esteira da desinflação mais lenta do que o esperado e da resiliência da economia.
Os preços de ativos, importantes para os investimentos, também foram fortemente impactados. A seguir destacamos mês a mês os temas mais relevantes para o ano e que ocasionaram essas mudanças.
Eventos econômicos e políticos – 2023
> JANEIRO
• Fraude contábil e recuperação judicial da Americanas;
• Posse do novo governo e equipe:
– Dúvidas em relação à condução da política fiscal (a PEC da transição havia liberado R$ 145 bi em dezembro de 2022);
– Ofensiva contra o BC e Roberto Campos Neto;
• Ataques de 08 janeiro ao CN e ao STF em Brasília;
• Reabertura da China pós-Covid;
• Governo americano atingiu o limite da dívida pública (impedido de fazer novas emissões) e deu início às medidas extraordinárias para conter os gastos.
> FEVEREIRO
• Efeitos negativos sobre crédito privado foram intensificados pela divulgação de prejuízo da Light;
• Ruídos em relação à meta de inflação e expectativa em relação ao novo arcabouço fiscal;
• Medo de recessão nos Estados Unidos levou a queda do dólar e das bolsas americanas.
> MARÇO
• Crise de liquidez bancária nos Estados Unidos:
– Quebra do Sillicon Valley Bank e do Signature Bank;
– Corrida bancária e intervenção governamental;
– Escalada levou à compra do Credit Suisse pelo UBS;
• Piora nas condições financeiras levou ao entendimento que o FED subiria menos os juros, com impactos sobre os Treasuries e o DI;
• Dados de inflação seguiram pressionados;
• No Brasil, o texto do arcabouço foi apresentado com limitação do crescimento real de gastos e dúvidas em relação ao cumprimento das metas.
> ABRIL
• Efeitos da crise de crédito nos Estados Unidos potencializados pela quebra do First Republic Bank;
• Início das negociações para a aprovação do novo teto da dívida pública americana;
• Entrega do Arcabouço Fiscal ao Congresso Nacional;
• BC brasileiro manteve postura firme e afirmou que não há relação mecânica entre a aprovação do arcabouço e a queda de juros;
• Deterioração de expectativas por conta dos questionamentos acerca da meta de inflação.
> MAIO
• Negociações para a aprovação do novo teto da dívida pública americana foram resolvidas perto da data limite:
– O teto da dívida americana foi suspenso até 01 de janeiro de 2025;
• Aprovação do arcabouço fiscal pela Câmara (após alteração pelo Senado, ela voltaria a casa).
> JUNHO
• Pico da inflação ao consumidor americano, mas os preços de serviços seguiam pressionados;
• Pausa na alta de juros pelo FED, mas sem indicações de fim de ciclo (wait and see);
• Melhora da perspectiva da nota brasileira pela S&P de neutra para positiva;
• Ao final do mês, o CMN referendou a meta de inflação em 3% a partir de 2024:
• Reancoragem parcial das expectativas de inflação;
• Aprovação do arcabouço fiscal pelo Senado;
• Surpresas positivas com a economia brasileira sendo puxada pelo mercado de trabalho e por programas de transferência de renda.
> JULHO
• Melhora da nota da dívida brasileira pela Fitch (o pais está agora 2 graus abaixo do Grau de Investimento);
• Aprovação da Reforma Tributária pela Câmara;
• Resiliência da economia brasileira;
• BC americano voltou a subir os juros depois de uma pausa (essa seria a última alta do ano).
> AGOSTO
• Aprovação final do arcabouço fiscal;
• Primeira queda da Selic desde a pandemia; recuo de 0,5 p.p., acima da expectativa de 0,25 p.p.;
• Decepção com o crescimento Chinês.
> SETEMBRO
• Abertura de títulos de longo prazo nos EUA:
– Discurso duro do FED;
– Preocupação com a política fiscal;
– Desaceleração lenta da inflação.
> OUTUBRO
• Conflito no Oriente Médio entre Israel e Hamas aumentou o risco geopolítico;
• Governo deu indicações de que a meta fiscal poderia ser alterada para 2024, gerando desconfiança em relação ao novo arcabouço;
• Aprovação da PL 4173/23 (taxação de fundos fechados e offshore) na Câmara dos Deputados.
> NOVEMBRO
• Resiliência da economia americana e consolidação do cenário de soft landing (desaceleração ordenada e convergência lenta da inflação à meta);
• Reforma tributária é aprovada no Senado com alterações e enviada de volta à Câmara;
• Recorde de Balança Comercial no Brasil e alívio no câmbio;
• Rally na bolsa brasileira;
• Eleição de Javier Milei na Argentina;
• Aprovação da PL 4173/23 (taxação de fundos exclusivos e offshore) no Senado.
> DEZEMBRO
• Meta fiscal brasileira para 2024 é mantida em déficit zero;
• Banco Central americano decretou o fim do ciclo de alta e indicou discussões preliminares sobre o início do corte de juros;
• Aprovação final da reforma tributária pela Câmara dos Deputados após alterações no Senado;
• S&P eleva rating da dívida Brasileira;
• Bolsa fechou o ano no ao recorde de 134 mil pontos, assim como o S&P 500, que atingiu 4.784 pontos;
• Dólar encerrou o ano em 4,84.