
Fonte: Bloomberg, Citigroup Macro Research, Lifetime Asset Management
Os ciclos econômicos na pandemia
A pandemia acelerou o ciclo econômico mundial como jamais visto. Até então, podemos enxergar quatro divisões desde março de 2020.
A primeira fase, de lockdown global, fez com que a atividade e a inflação despencassem. Houve ruptura drástica de consumo e quebra de empresas e cadeias de valores globais (queda de oferta e demanda).
A segunda fase, de abertura gradual, apresentou pouca inércia de preços, mas com maior atividade – essa é a fase de recuperação.
A terceira fase, de reflação, vimos a inflação subir – existem menos empresas e maior capacidade instalada com demanda similar à fase pré-pandemia.
Na atual fase, de estagflação, o crescimento desacelera e há inércia de inflação. Nesse contexto, parece que antes de acertarmos o número em si de PIB e inflação, é mais importante entender a tendência global e ver o Brasil inserido nesse contexto.
2022 será um ano de normalização de crescimento, com riscos de China e EUA desacelerarem mais do que o esperado. Nos EUA, provavelmente haverá a normalização de política monetária e retirada dos estímulos do Federal Reserve. Na China, há uma desalavancagem do setor imobiliário com o potencial de diminuição relevante de PIB. Nesse contexto, vemos pressões globais contrárias às grandes expansões de atividade no Brasil. E ainda há um problema extra: historicamente, as projeções no Brasil exageram no crescimento e subestimam a inflação.
Projeções de PIB e inflação
Os investidores no Brasil parecem esquecer quão errônea é a projeção de atividade historicamente dentro do painel do FOCUS. Na média, desde 2016, o erro de projeção para o PIB do começo do ano para o final do ano é de 180 pontos base (1,80%). O desvio padrão desse erro é de 193 pontos base. E geralmente, erramos para cima: quer dizer que, em num ano onde a expectativa é de crescimento de PIB de 1,80%, se usarmos a média do erro dos últimos anos o PIB seria 0%. Vale lembrar que esse exemplo pode ser um simulado do ano que vem, onde o FOCUS aponta para 1,50% de PIB.

Fonte: Bloomberg, Lifetime Asset Management
Para inflação, temos o mesmo problema, mas com erros muito menores de projeção. O que contribui para essa assertividade é a maneira como coletamos os dados de inflação no Brasil. O histórico de hiperinflação e o mercado de juros desenvolveu bastante a habilidade dos analistas para projetarem essa identidade macro.

Fonte: Bloomberg, Lifetime Asset Management
Apesar de interessante, essa conclusão de que erramos as projeções consistentemente não é novidade para o olho observador. Há razões fundamentais para isso: câmbio flutuante, economia muito ligada aos commodities e incerteza política estrutural são algumas delas.
O próximo ciclo
2022 já se configura como um ciclo estagflacionário. As expectativas de crescimento de PIB são da ordem de 1,5%, e de inflação é de cerca de 4,5%. Além do impacto desconhecido da crise hídrica (potencialmente detratora de PIB), poderemos testemunhar uma piora das condições financeiras no país, o que sugere um crescimento ainda menor (dentro do que vemos que é o histórico de expectativa versus realizado no país). Como mostramos acima, é possível que essas projeções de hoje estejam superestimadas do ponto de vista da atividade e subestimadas do ponto de vista de inflação.
Há duas conclusões da atual situação. A primeira é que, de fato, ano que vem pode parecer um ano de baixo ou nenhum crescimento. O Brasil precisa de reformas, independente da orientação do governo. Crise hídrica e eleição não conversam com uma tese do país crescendo mais de 2%.
A segunda é mais importante para portfólios. Acreditamos que estamos em uma janela de oportunidade. Juros de 2 anos estão negociando próximos de 10%. É irreal esse nível de juros para um crescimento baixo no próximo biênio e com uma inflação revertendo para níveis de 4 a 5% no ano que vem. Portanto, os portfólios deveriam aproveitar e migrar para Renda Fixa (obviamente respeitando as preferências de cada perfil). Pré-fixados de 2 anos próximos de 10%, com uma SELIC média de 6 a 7% para os próximos dois anos é bem interessante. Como já mencionamos, uma SELIC média é um subproduto de um certo desarranjo macro para o país, mas é uma oportunidade relevante para diminuir o risco do portfólio e dar mais tranquilidade em ciclo estagflacionário.
Este material foi preparado pela Lifetime e tem como objetivo único fornecer informações, ele não constitui e nem deve ser interpretado como sendo uma oferta de compra ou venda ou como uma solicitação de uma oferta de compra ou venda de qualquer instrumento financeiro ou de participação em uma determinada estratégia de negócios em qualquer jurisdição. As informações nele contidas baseiam-se nas melhores informações disponíveis, recolhidas a partir de fontes oficiais ou críveis. Este material é para uso exclusivo de seus receptores e seu conteúdo não pode ser reproduzido, redistribuído, publicado ou copiado de qualquer forma, integral ou parcialmente, sem expressa autorização. A Lifetime não se responsabiliza, e tampouco se responsabilizará por quaisquer decisões, de investimento ou de outra forma, que forem tomadas com base nos dados desse material. Rentabilidade obtida no passado não representa garantia de resultados futuros.
Compartilhe a matéria nas redes sociais:
Está com dúvidas? Entre em contato com os nossos especialistas.
POSTS RELACIONADOS

Análise de Mercado | Comentário Semanal – 16/05/2022
Confira as principais movimentações desta semana – Copom, Fed, Inflação



Análise de Mercado | Comentário Semanal – 02/05/2022
Confira as principais movimentações desta semana – Copom, Fed, Inflação



Análise de Mercado | Comentário Semanal – 18/04/2022
Confira as principais movimentações desta semana – Copom, Fed, Inflação
Comentários