Aquecimento para a reunião do FOMC: As informações disponíveis para o FED indicam cautela na condução da política monetária, mas com espaço maior para o início da normalização
Por Marcela Kawauti, economista-chefe da Lifetime Asset
1. Expectativa
Para a reunião do Federal Reserve, que acontece nessa quarta-feira, a expectativa consensual é de manutenção dos FED Funds entre 5,25% e 5,50%, patamar vigente desde agosto de 2023. A autoridade monetária tem afirmado que a queda na taxa só acontecerá quando houver evidência de que a inflação caminha de forma sólida em direção à meta de 2%. Os dados disponíveis desde a última reunião mostraram alívio nos preços ao consumidor e no mercado de trabalho, conforme veremos a seguir. Por conta disso, a análise do comunicado da decisão ganha importância na medida em que os analistas procurarão pistas a respeito dos próximos passos do colegiado.
2. Evolução dos dados:
A inflação ao consumidor desacelerou de 3,3% em maio para 3,0% em junho na medida do CPI e ficou em 2,5% no dado do PCE. Em ambos os casos, os números ficaram abaixo da média dos últimos 6 meses, mas ainda acima da meta de 2,0% estabelecida pelo FED. A mesma trajetória de desaceleração foi vista nos núcleos que excluem os itens mais voláteis como alimentação e energia.
Os preços no atacado, por outro lado, voltaram a aumentar entre maio e junho. O PPI passou de 2,4% para 2,7% e o núcleo avançou de 2,6% para 3,0%. Em relação à média dos 6 meses anteriores, também houve aceleração importante. A alta se deu principalmente por conta da forte piora dos custos de frete marítimo e coloca pressão de alta sobre a inflação ao consumidor para os próximos meses.
Do lado do mercado de trabalho, os dados mostram que o desequilíbrio entre a oferta e a demanda por trabalhadores diminuiu. A criação de vagas de trabalho em junho foi de 206 mil, desacelerando em relação aos 236 mil nos 6 meses anteriores, e aos 218 mil de maio.
Em resumo, os dados mais recentes trouxeram diminuição da inflação de preços ao consumidor e do desequilíbrio no mercado de trabalho, ainda que tenham se mantido acima do nível neutro. Apesar do aumento dos preços ao produtor, a melhora dos dados traz alívio à autoridade monetária e pode ser suficiente para dar espaço para o início do ciclo de normalização de taxas de juros. O comunicado da decisão e a posterior divulgação da ata da reunião serão importantes para referendar as expectativas de cortes de juros ainda este ano. O mercado estima 90% de probabilidade do início de cortes na reunião seguinte, a ser realizada em setembro.