Copom dezembro 2024 | Primeiras Impressões: Ata do Copom indica juros neutro maior e sugere que Copom precisará manter a Selic em patamar elevado por bastante tempo
Por Marcela Kawauti – Economista-chefe da Lifetime Asset Management
Nesta terça-feira (17/12), o Banco Central do Brasil (BCB) divulgou a ata da reunião que decidiu por um choque de credibilidade de 300 pontos base: elevação da Selic em 100 pbs em dezembro e indicação de mais duas altas de mesma magnitude nas reuniões de janeiro e de março do ano que vem.
O comitê observou que a pressão sobre a demanda agregada, calcada no mercado de trabalho aquecido, política fiscal expansionista e vigor nas concessões de crédito levou a uma deterioração importante da inflação corrente, culminando em um IPCA acima do teto da meta nos últimos doze meses (4,50%).
O colegiado também se mostrou bastante preocupado com o cenário prospectivo. O hiato do produto segue em terreno positivo com crescimento do PIB acima do potencial, ainda que o aperto nas condições financeiras indique alguma moderação da atividade à frente. Além disso, a desancoragem de expectativas de inflação segue como preocupação relevante, tornando a convergência à meta ainda mais desafiadora. Por fim, o comitê citou a desarmonia entre a política monetária e a fiscal e a percepção negativa dos agentes econômicos em relação ao pacote de ajuste das contas públicas, que explicou parte importante da desvalorização da moeda brasileira, e que tem um alto potencial de repasse para os preços ao consumidor, especialmente em um cenário de demanda aquecida.
O diagnóstico trazido pela ata do Copom e a intensa assimetria altista no balanço de riscos indicam a necessidade de política monetária mais contracionista, com novas altas na Selic adiante, levando a taxa para próximo dos 15% no final do ciclo. Além disso, o Comitê elevou a taxa de juros real neutra em seus modelos (de 4,75% para 5,00% a.a.), o que indica que os juros no Brasil precisarão ficar mais altos por mais tempo para contrapor o cenário adverso e assegurar o compromisso com a convergência da inflação à meta.