Copom | Primeiras Impressões: Banco Central aumentou a Selic para 12,25%, e indicou ao menos duas novas altas de 100 bps no início de 2025
Por Marcela Kawauti – Economista-chefe da Lifetime Asset Management
Em decisão unânime, o Copom adicionou 100 pontos base à taxa Selic e levou os juros básicos de 11,25% para 12,25% a.a. Essa foi a terceira alta consecutiva, com forte aceleração em relação ao aperto de 50 bps de novembro. O resultado da reunião referendou as expectativas mais agressivas do mercado e veio como um choque de credibilidade importante para a política monetária.
Em um comunicado ainda mais duro do que o antecipado, o colegiado destacou que a dinâmica inflacionária mais adversa exige uma postura contracionista. Além da inflação cheia e dos núcleos acima da meta, houve piora relevante das projeções. A deterioração do cenário envolve a desancoragem de expectativas, a atividade econômica aquecida com hiato do produto positivo, a resiliência dos preços de serviços e a depreciação do câmbio. Um reforço importante foi adicionado ao diagnóstico do cenário fiscal. A autoridade monetária destacou que a reação dos agentes ao pacote fiscal divulgado no final de novembro também contribuiu para os riscos à estabilidade de preços.
As simulações apresentadas pelo colegiado reforçam o ambiente desafiador. Os modelos do BC apontam para uma piora ao longo de todo o período analisado: o IPCA se mantém acima da meta ao longo de todo o horizonte relevante e chega a 4,0% no 2º trimestre de 2026 no cenário de referência. O resultado indica que as premissas usadas – Selic a 12,00% ao final deste ano e 13,50% no próximo – não são suficientes para a convergência da inflação à meta.
Com relação aos próximos passos, o Copom indicou que haverá duas novas altas de mesma magnitude nas próximas reuniões marcadas para janeiro e março do próximo ano, e que a magnitude total do ciclo será ditada pelo firme compromisso de convergência do IPCA à meta de 3,0%. O compromisso com novas altas nos próximos encontros e a indicação de continuidade é bastante relevante em um momento de transição. Vale lembrar que a partir de janeiro, Gabriel Galípolo, atual diretor de Política Monetária, assumira o posto de Presidente do Banco Central em substituição a Roberto Campos Neto que está no cargo desde 2019. Além disso, haverá a substituição de 3 diretores.