Copom Setembro | Primeiras Impressões: Banco Central aumentou a Selic para 10,75%, por conta da piora no balanço de riscos
Por Marcela Kawauti – Economista-chefe da Lifetime Asset Management
Após manter os juros em 10,50% a.a. por apenas duas reuniões, o Banco Central Brasileiro retomou o ciclo de altas e adicionou 0,25 p.p. à taxa Selic. Os juros básicos da economia foram para 10,75% a.a. em votação unânime. O comunicado que acompanhou a decisão revelou que o Copom enxerga uma assimetria dos riscos à inflação, com viés de alta. O elenco de incertezas envolve a desancoragem de expectativas, a atividade econômica aquecida, a resiliência da inflação de serviços e a depreciação do câmbio. Além disso, o comitê monitora os impactos da política fiscal e da evolução da dívida pública.
As simulações apresentadas pelo colegiado reforçam o ambiente desafiador para o horizonte relevante de política monetária. O resultado dos modelos indica IPCA em 3,5% no 1º trimestre de 2026 no cenário de referência (que usa como premissa a Selic em 11,25% ao final deste ano e 10,50% no próximo), ainda acima da meta de 3,0% definida pelo Conselho Monetário Nacional.
O comunicado reforçou a necessidade de juros contracionistas para garantir a convergência de inflação à meta e indicou que novos apertos serão necessários. No entanto, não há indicação a respeito do ritmo dos próximos dados do Copom, que serão determinados pela evolução dos dados, tanto no Brasil como no ambiente internacional.