Eleições Americanas: O que o comportamento passado dos preços dos ativos nos indica para os próximos dias?

A apenas uma semana para o evento político mais importante do ano, as eleições americanas, os investidores se perguntam: o que podemos esperar para os preços dos ativos passadas as eleições americanas?
É sempre muito difícil antever o comportamento dos mercados, e a tarefa é ainda mais árdua em um momento em que o grau de incerteza é bastante elevado. As pesquisas indicam um pleito bastante apertado entre a Democrata, Kamala Harris, e Republicano, Donald Trump. Além disso, as políticas implantadas pelo próximo mandatário dependerão fortemente da composição do Congresso Americano, que também será eleito em 05 de novembro. Para terminar, a conjuntura internacional é bastante desafiadora por conta das crescentes tensões diplomáticas e a fragmentação geopolítica.
Apesar disso, a análise do comportamento dos preços nos últimos anos de eleição nos dá perspectivas interessantes a respeito do que pode acontecer nas próximas semanas e meses.
Como os ativos americanos se comportaram nas últimas eleições?
A conjuntura mais nebulosa tem forte impacto na volatilidade dos mercados. De maneira simplificada, quanto maior o grau incerteza, maior é a oscilação dos preços. O gráfico ao lado mostra a evolução do VIX em 2024 comparado com eleições anteriores. Analisamos o período que vai desde um ano antes da votação até um ano depois e calculamos a média simples e a média que exclui os anos atípicos de 2008 (Crise do Subprime) e 2020 (Pandemia de Covid-19) – vide gráfico no topo da página.
Usualmente, o grau de incerteza aumenta ao redor dia da votação e perde força em seguida. Em 2024, no entanto, a volatilidade já está mais elevada do que a média das eleições realizadas em anos anteriores (excluindo 2008 e 2020). A dificuldade de previsão do resultado e a conjuntura especialmente desafiadora devem fazer com que a volatilidade se mantenha elevada, a exemplo do que aconteceu em anos atípicos.
No caso dos ativos de renda variável nos Estados Unidos, geralmente, há uma valorização após a eleição, uma acomodação depois da posse e uma nova tendência de alta. Em 2024, no entanto, já foi registrado ao longo de todo o primeiro semestre, deixando menos espaço para uma ampliação desse movimento.
Para as taxas de juros, não há uma tendência clara nos períodos pós-eleitorais estudados. Em 2024 houve uma forte queda nas taxas futuras no período em que o FED iniciou o ciclo de normalização de juros. Em seguida, a força do mercado de trabalho americano, o caráter inflacionário das promessas dos candidatos (como, por exemplo, a política fiscal expansionista) e o menor espaço para cortes nos próximos encontros da autoridade monetária puxaram as taxas futuras para cima.
Por fim, com relação à moeda americana, a tendência verificada em anos anteriores é de valorização do dólar. O movimento neste ano está bem em linha com o passado. No entanto, a possibilidade de juros mais altos aumenta a probabilidade de força da moeda americana.
O que podemos esperar para os ativos brasileiros?
As eleições americanas podem ter efeitos indiretos, mas relevantes sobre os ativos brasileiros, a depender das ações do novo eleito.
Uma escalada das tensões geopolíticas e uma nova rodada de piora da Guerra Comercial entre China e Estados Unidos pode redirecionar o fluxo de capitais ao redor do mundo. Por um lado, o Brasil pode se beneficiar de um aumento da participação na quantidade de recursos direcionada aos emergentes. O país pode ser uma escolha interessante entre os seus pares por estar geograficamente e ideologicamente distante dos conflitos. A entrada maior de recursos valorizaria a moeda brasileira e elevaria os preços dos ativos domésticos. Esse efeito, no entanto, pode ser mitigado (no todo ou em parte) caso o risco diplomático aumente a aversão a risco ao redor do mundo e a fuga para a segurança, em especial para os ativos norte-americanos.
Uma eventual elevação de tarifas sobre produtos chineses pode resultar em desaceleração da atividade na China maior do que a antecipada. O resultado seria queda nos preços de commodities, em especial as agrícolas e metálicas, gerando queda nas exportações brasileiras e do valor das ações de empresas relacionadas a este segmento.
Há também uma possível piora marginal do alinhamento ideológico entre o governo brasileiro e o americano, caso o candidato Republicano seja eleito. No entanto, analistas têm dito que não deve haver mudanças significativas nas relações diplomáticas entre os dois países, apenas ruídos de curto prazo. Por outro lado, o estímulo a medidas relacionadas ao meio ambiente pode ser uma oportunidade para fortalecer as relações entre Brasil e Estados Unidos, no caso da vitória de Kamala Harris.
Por fim, a eventual piora da inflação ao consumidor e da preocupação com a questão fiscal americana teriam efeito sobre o diferencial de juros por conta da expectativa de FED Funds mais altos no médio prazo. Este impacto também seria sentido nas taxas de câmbio com aumento do fluxo direcionado à renda fixa nos Estados Unidos.
—–
O acompanhamento de perto das eleições americanas é crucial para averiguar e garantir uma carteira de investimentos rentável e capaz de mitigar os riscos ao longo dos próximos meses. Na Lifetime estamos preparados e observando de perto a evolução do cenário econômico no Brasil e no mundo, bem como seus impactos nos preços de ativos. Nossos especialistas estão prontos para oferecer a melhor alocação de acordo com cada perfil de riscos, com a indicação de produtos e serviços com boas perspectivas e proteção para o patrimônio.