Comunicado do FOMC Setembro | Primeiras Impressões: FED corta juros em 50 pontos base e indica flexibilização adicional este ano
Por Marcela Kawauti – Economista-chefe da Lifetime Asset Management
Em uma decisão cercada de incertezas, o Federal Reserve cortou a taxa básica de juros em 50 pontos base. Após estabilidade no patamar entre 5,25% e 5,50% p.p., o maior nível em cerca de duas décadas, os FED Funds passaram para o intervalo entre 4,75% e 5,00%. A definição não foi unânime: 11 membros votaram a favor do corte de 50 bps e 1 estava em favor de um corte mais modesto de 25 bps. Esse foi o primeiro resultado dividido desde junho de 2022.
Assim como a decisão de juros, o diagnóstico do colegiado a respeito da economia e da inflação americana era largamente esperado pelo mercado. De acordo com os membros da autoridade monetária, o mercado de trabalho desacelerou e a variação dos preços ao consumidor mostrou evolução sustentável em direção à meta de 2%. O balanço de riscos mais equilibrado deu espaço para o início do ciclo de normalização de juros.
A revisão das projeções do FOMC veio na mesma direção. A inflação para este ano passou de 2,6% para 2,3% e do ano que vem recuou de 2,3% para 2,1%, indicando uma trajetória mais rápida de convergência aos 2,0% desejados pelo FED. A expectativa de juros também diminuiu: de 5,1% para 4,4% ao final desse ano e de 4,1% para 3,4% em 2025. A revisão sugere mais 50 pontos base de afrouxamento monetário este ano e 100 bps adicionais em 2025.
Vale ressaltar, no entanto, que na coletiva de imprensa pós-reunião o presidente da instituição, Jerome Powell, indicou que não há um ritmo pré-estabelecido para as próximas reuniões e que os juros de longo prazo (o chamado nível neutro) aumentaram a partir do fim da pandemia. Neste sentido, as próximas decisões do FED serão fortemente dependentes da evolução dos dados e dos riscos ao cenário prospectivo.