IPCA-15 Fevereiro 2025 | Primeiras Impressões: Prévia da inflação ao consumidor voltou a acelerar em fevereiro

Por Marcela Kawauti – Economista-Chefe da Lifetime Gestora de Recurso
A prévia da inflação ao consumidor acelerou fortemente na comparação mensal. O IPCA-15 avançou de 0,11% em janeiro para 1,23% em fevereiro. O número veio, no entanto, um pouco abaixo das expectativas de mercado, que giravam em torno de 1,30%. A variação mais forte dos preços no mês trouxe alguns destaques importantes. O fim do bônus de Itaipu levou a uma alta de 16,33% na energia elétrica residencial. Ainda assim, excluído esse avanço, o IPCA-15 do mês teria sido de 0,68%. Entre os principais destaques da alta tivemos o grupo educação – sazonalmente pressionados pelo aumento das mensalidades escolares – e dos preços de combustíveis – puxados pelo reajuste do ICMS e do aumento do etanol adicionado à gasolina.
No acumulado em 12 meses, o índice passou de 4,50% para 4,96%, acima do limite de tolerância da meta e no patamar mais alto desde o final de 2023. O comportamento dos núcleos trouxe alguma acomodação, mas ainda devem ensejar atenção. Os preços de serviços recuaram de 5,45% para 4,98%. Por outro lado, a elevação recente do câmbio pressionou os bens industriais que passaram de 2,93% para 3,19%, na sexta elevação consecutiva nesta base de comparação.
A inflação corrente acima da meta e os riscos inflacionários para o futuro devem manter o viés contracionista por parte do Copom. A desvalorização do câmbio, que já começou a ser repassada para os preços de alimentos e bens industriais, ainda terá efeitos adicionais sobre outros produtos como medicamentos, roupas e acessórios. A isso se soma a pressão dos preços de serviços, as incertezas fiscais, e a forte desancoragem de expectativas. A conjuntura deve, portanto, mantem a autoridade monetária em alerta, referendando as expectativas de altas de juros ao longo do primeiro semestre de 2025.