IPCA-15 |Julho – Primeiras Impressões: inflação reacelera e se aproxima do teto da meta em 12 meses
Por Marcela Kawauti, economista-chefe da Lifetime Asset
O IPCA-15 de julho variou 0,30% na comparação mensal, desacelerando em relação aos 0,39% de junho, mas acima da expectativa de mercado (0,22%). O resultado foi puxado pela alta em transportes que cresceram 1,12% por conta do aumento de combustíveis e passagens aéreas. Também os preços de habitação avançaram 0,49% por conta da vigência da bandeira amarela que encareceu a energia elétrica residencial.
Com esse resultado, o índice registrou crescimento de 4,45% em 12 meses, muito próximo do teto de tolerância da meta, de 4,50%. A análise dos núcleos na mesma comparação enseja preocupação, principalmente por conta da aceleração dos serviços de 4,62% para 4,97%. O grupo vinha mostrando desaceleração mais lenta do que o índice cheio ao longo de todo o processo de desinflação desde 2022 e a sua reaceleração deve adicionar cautela aos discursos do Banco Central brasileiro. Além disso, os bens industriais cresceram 1,12%, quase o dobro dos 0,64% do mês anterior, refletindo em parte a forte alta na taxa de câmbio.
A prévia dos preços ao consumidor de julho trouxe, portanto, sinais ruins para a inflação corrente. Há também pressões inflacionárias importantes para os próximos meses, a saber, a pressão de demanda, desancoragem de expectativas, o ambiente externo desafiador e o repasse da desvalorização do real para os preços finais e devem consolidar a expectativa de manutenção dos juros no patamar atual de 10,50% pelo menos até o final de 2024.