IPCA-15 outubro | Primeiras Impressões: Prévia da inflação ao consumidor alcança o teto da meta e Banco Central deve seguir com o ciclo de aperto monetário
Por Marcela Kawauti – Economista-Chefe da Lifetime Asset Management
A divulgação do IPCA-15, a prévia da inflação ao consumidor, referente a outubro mostrou aceleração do índice mensal para 0,54%, ante 0,13% no mês anterior. O resultado superou as expectativas do mercado — a mediana era de 0,50% — e foi puxado, principalmente, pelas altas observadas em energia elétrica e nos alimentos no domicílio, com destaque para carne bovina. Tais componentes tem incorporado as pressões oriundas da estiagem e, mais recentemente, das queimadas, que assolam todo o território nacional.
Com esse resultado, o índice acumulado em 12 meses chegou a 4,47%, acima dos 4,12% do mês anterior e encostando no limite de tolerância da meta, de 4,50%. Além dos itens já citados, o período também teve influência altista dos bens industriais. O grupo foi puxado pela desvalorização do real brasileiro que levou o câmbio para o patamar médio de R$ 5,55 ao longo da coleta do indicador. Por outro lado, os dados trouxeram uma boa notícia para os preços de serviços, que desaceleraram de 4,76% para 4,37% entre setembro e outubro puxados pela contribuição menor de passagens aéreas. Foi a primeira vez que esse grupo fica abaixo do índice cheio desde o segundo semestre de 2022.
Em resumo, a proximidade da inflação ao consumidor do teto da meta deve manter o viés de cautela apresentado pelo Copom em setembro, quando a autoridade monetária retomou o ciclo de alta da Selic. Apesar da desaceleração dos preços de serviços, o mercado de trabalho aquecido, a política fiscal expansionista e a desancoragem de expectativas colocam pressão altista no cenário futuro do IPCA e argumentam a favor de novas altas na taxa Selic nas próximas reuniões do Copom.