IPCA dezembro | Primeiras Impressões: IPCA avançou 0,52% em dezembro e terminou o ano acima do teto da meta

Por Marcela Kawauti – Economista-Chefe da Lifetime Asset Management
Os preços ao consumidor em dezembro, medidos pelo IPCA, passaram de 0,39% para 0,52% na comparação mensal. O resultado veio em linha com as expectativas do mercado (0,53%) e foi puxado, principalmente, pelas altas observadas em alimentação no domicílio (carnes) e transportes (transporte por aplicativo e passagens aéreas).
O índice acumulado em 12 meses desacelerou levemente de 4,87% para 4,83%. Com esse resultado, tivemos em 2024 o quinto ano consecutivo de inflação fora do intervalo de tolerância do sistema de metas, cujo limite é 4,50%. O novo presidente da instituição, Gabriel Galípolo, iniciará o seu mandato, portanto com a publicação de uma carta aberta com as causas do descumprimento, as medidas necessárias para trazer o índice de volta para a meta e o prazo esperado para que elas produzam efeito. Vale destacar também que, a partir de 2025 a verificação não ficará mais restrita a dezembro de cada ano. A apuração será feita mês a mês e a o descumprimento da meta será considerado apenas se o IPCA ficar acima de 4,5% por 6 meses consecutivos. Caso a nova apuração estivesse em vigor, o dado de dezembro de 2024 não seria considerado fora da meta, uma vez que esse é terceiro mês consecutivo neste patamar.
De qualquer forma, a inflação ao consumidor acima do teto da meta deve manter o viés de cautela apresentado pelo Copom nas últimas reuniões. Além da aceleração da inflação corrente, o mercado de trabalho aquecido, as incertezas em relação à política fiscal expansionista e a desancoragem de expectativas colocam pressão altista no cenário futuro do IPCA e argumentam a favor de novas altas na taxa Selic ao longo do primeiro semestre de 2025.