IPCA Janeiro 2025 | Primeiras Impressões: IPCA desacelerou para 0,16% em janeiro, mas se manteve acima do teto da meta em 12 meses

Marcela Kawauti – Economista-Chefe da Lifetime Gestora de Recursos
Os preços ao consumidor, medidos pelo IPCA, desaceleraram de 0,52% em dezembro para 0,16% em janeiro. O resultado veio em linha com as expectativas de mercado e foi puxado, principalmente, pelo impacto temporário de energia elétrica residencial, que caiu 14,21% no mês em razão da incorporação do Bônus de Itaipu, o que gerou créditos nas faturas emitidas em janeiro. Excluído este efeito, o IPCA do mês passado teria sido de 0,70%.
Dado o impacto pontual dos preços de energia, ganha importância a análise de períodos mais longos, além dos subgrupos e núcleos. O índice acumulado em 12 meses desacelerou de 4,83% para 4,56%, ainda acima do teto da meta de 4,50%. Os preços de serviços livres (que não incluem energia elétrica) avançaram de 4,77% para 5,57% no acumulado em 12 meses, pressionados pela inflação de demanda. Os preços de bens industriais, impactados pelo repasse defasado da alta do dólar no final do ano passado, registraram alta de 3,0% nesta base de comparação, ante 2,9% no mês anterior. Por fim, houve notícias positivas do lado da alimentação no domicílio, com desaceleração de 8,22% para 7,44%, mas ainda em patamar elevado.
A análise da inflação ao consumidor conjugada pela comunicação da Ata do Copom na semana passada indicam viés de cautela nas próximas decisões de política monetária. O mercado de trabalho aquecido, o repasse defasado da desvalorização do real, as incertezas em relação à política fiscal expansionista e a desancoragem de expectativas colocam pressão altista no cenário futuro do IPCA e argumentam a favor de novas altas na taxa Selic ao longo do primeiro semestre de 2025.