IPCA Julho | Primeiras Impressões: inflação reacelera a 4,5% e bate no teto da meta
Por Marcela Kawauti, economista-chefe da Lifetime Asset
O IPCA de julho cresceu 0,38% na comparação mensal, quase o dobro dos 0,21% de junho e acima dos 0,35% esperados pelo mercado. O resultado foi puxado pela alta em transportes que cresceram 1,82% por conta do aumento de combustíveis e passagens aéreas. Também os preços de habitação avançaram 0,77% por conta da vigência da bandeira amarela que encareceu a energia elétrica residencial.
Com esse resultado, o índice chegou a 4,50% em 12 meses, no limite de tolerância da meta. A análise dos núcleos na mesma comparação também enseja preocupação, principalmente por conta da alta dos serviços de 4,48% para 5,01%. O grupo vinha mostrando desaceleração mais lenta do que o índice cheio ao longo de todo o processo de desinflação desde 2022 e a sua reaceleração adiciona necessidade de cautela aos discursos do Banco Central. Além disso, o repasse da alta na taxa de câmbio já foi visto nos bens industriais (que passaram de 1,07% para 1,29%). Por outro lado, houve boa notícia com a melhora dos preços de alimentação ao domicílio de 4,88% para 4,04%.
Em resumo, a variação dos preços ao consumidor de julho trouxe sinais ruins para a inflação corrente com pressão de demanda para os preços de serviços e repasse do dólar mais alto aos bens industriais. O resultado deve consolidar a expectativa de manutenção dos juros no patamar atual de 10,50% pelos próximos meses, podendo se estender, inclusive para 2025.