IPCA novembro | Primeiras Impressões: IPCA supera o teto da meta e Banco Central deve seguir com o ciclo de aperto monetário
Por Marcela Kawauti – Economista-Chefe da Lifetime Asset Management
Os preços ao consumidor em outubro, medidos pelo IPCA, avançaram de 0,44% para 0,56% na comparação mensal. O resultado superou as expectativas do mercado — a mediana era de 0,54% — e foi puxado, principalmente, pelas altas observadas em energia elétrica e nos alimentos no domicílio, com destaque para carne bovina, frutas e legumes. Tais componentes têm incorporado as pressões oriundas da estiagem e, mais recentemente, das queimadas, que assolaram todo o território nacional.
Com esse resultado, o índice acumulado em 12 meses chegou a 4,76%, acima dos 4,42% do mês anterior e também do limite de tolerância da meta, de 4,50%. Além dos itens já citados, o período também teve influência altista dos bens industriais. O grupo foi puxado pela desvalorização do real brasileiro, cuja taxa de câmbio avançou para o patamar médio de R$ 5,62/US$ ao longo da coleta do indicador, uma alta de quase 1,5% em relação ao mês anterior. Por outro lado, os preços de serviços desaceleraram de 4,82% para 4,57% entre setembro e outubro puxados pela contribuição menor de passagens aéreas.
Em resumo, a inflação ao consumidor acima do teto da meta deve manter o viés de cautela apresentado pelo Copom nas reuniões de setembro e novembro. Apesar da desaceleração dos preços de serviços, o mercado de trabalho aquecido, as incertezas em relação à política fiscal expansionista e a desancoragem de expectativas colocam pressão altista no cenário futuro do IPCA e argumentam a favor de novas altas na taxa Selic nas próximas reuniões do Copom.