O novo patamar da taxa de câmbio: qual a melhor hora de comprar dólar?
Por Marcela Kawauti – Economista-chefe da Lifetime Asset
Ao longo de 2024 a evolução do dólar dominou o noticiário econômico. O câmbio começou o ano abaixo de R$ 5,00/USD e em abril teve a sua primeira forte alta, quando o patamar de R$ 5,30/USD. A partir de julho, no entanto, houve uma convergência de fatores que pesaram contra a moeda brasileira — e a favor do dólar americano —, fazendo com que a taxa de câmbio fosse negociada acima dos R$ 5,60/USD, tendo se aproximado dos R$ 5,90/USD em seu pior momento, no início de novembro.
Em nossas análises anteriores, passamos algumas vezes pelo motivo desta evolução. Os desequilíbrios domésticos, em especial a necessidade de ajuste das contas públicas, afasta o investidor estrangeiro gerando queda na demanda pela moeda brasileira. Além disso, podemos citar ainda o aumento das importações de bens e serviços e das operações de remessa para o mercado externo. Tudo isso em conjunto pressiona a taxa de câmbio que, em meio ao desequilíbrio entre oferta e demanda, produz a desvalorização do real. Por fim, mas não menos importante, no campo externo, a fuga para segurança gerada pela piora nas tensões geopolíticas e a lenta queda nos juros americanos favoreceram o dólar americano.
Para quem precisa comprar dólar, vale a pena esperar o câmbio voltar para o patamar do início de 2024?
O cenário econômico ao longo de 2024 e a evolução esperada para 2025 não trazem elementos que sugiram recuo da taxa de câmbio para o patamar visto no início do ano. A expectativa de continuidade do ambiente geopolítico adverso, inflação resistente e juros altos nos países avançados deve conservar a força do dólar americano. Internamente, não há expectativa de conclusão para o imbróglio fiscal brasileiro no curto prazo. O anúncio de medidas de ajuste pode trazer alívio temporário, mas a solução definitiva acontecerá apenas quando houver um pacote robusto e com efeitos de longo prazo. Desta forma, nos próximas meses, o dólar deve seguir no patamar registrado ao longo da segunda metade de 2024.
Qual a melhor hora de fechar câmbio?
Infelizmente não há uma resposta direta a essa pergunta. Dada a gama de variáveis que impactam a evolução da taxa de câmbio, é impossível acertar o momento em que a moeda brasileira estará em seu momento mais favorável. Dito isso, a melhor forma de endereçar essa questão é trabalhar com o chamado “preço médio”. Essa estratégia aproveita momentos em que um eventual fluxo de boas notícias traga alguma valorização para a moeda brasileira, as compras são feitas aos poucos, possibilitando aproveitar essas oportunidades.
Uma análise do comportamento do câmbio nos ajuda a entender as vantagens desta alternativa. O câmbio médio entre setembro e novembro foi de R$ 5,63/USD. De maneira simplista, caso a compra de moeda fosse feita em etapas iguais em cada pregão esse seria o preço médio do período. A título de exemplo, uma empresa que estava esperando a volta do câmbio para os patamares do início do ano e cujo prazo se esgotou no período poderia precisar realizar a operação num momento desfavorável. Nesta hipótese, haveria perda média de 17 centavos em relação ao preço médio em 25% dos 57 pregões analisados e de 0,06 centavos 21% das vezes.
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Na Lifetime acompanhamos diariamente a evolução do cenário econômico e os impactos sobre os preços de ativos. A Lifetime Câmbio é composta por especialistas no mercado cambial e oferece serviços de remessa, compra de papel moeda, entre outros. Nosso principal objetivo é facilitar as suas demandas e, para isso, trabalhamos com o modelo multiplataforma, buscando sempre o melhor preço e a agilidade que você precisa.