Ata Copom Setembro | Primeiras Impressões: Ata do Copom mostra que novas altas serão necessárias, mas ritmo do ciclo ainda está indefinido
Por Marcela Kawauti – Economista-chefe da Lifetime Asset Management
Nesta terça-feira (24/09), o Banco Central brasileiro divulgou a ata da reunião que decidiu pela retomada do ciclo de alta da taxa Selic. O documento mostrou que houve um aumento significativo das preocupações do colegiado com a evolução dos preços ao consumidor.
Do lado da inflação corrente, o comitê observou a interrupção do processo desinflacionário mostrado no indicador acumulado em 12 meses [vide imagem acima], acompanhado de deterioração da composição do índice. Os preços de serviços seguem pressionados pelo mercado de trabalho e os dados de bens industriais e alimentação trouxeram repique por conta da depreciação cambial e do clima adverso.
O colegiado também se mostrou preocupado com o cenário prospectivo. Houve uma reavaliação do hiato do produto para o campo positivo, o que significa que a evolução da atividade econômica tem caráter inflacionário. A demanda agregada tem sido estimulada pelo mercado de trabalho robusto, vigor na concessão de crédito às famílias e a política fiscal expansionista. Com relação a este último ponto, o comitê trouxe um tom mais duro na comparação com as reuniões anteriores, ressaltando a necessidade de uma política fiscal crível, baseada em regras previsíveis, transparência e compromisso com o arcabouço fiscal. Ademais, o Banco Central também demonstrou desconforto com a desancoragem das expectativas, o que torna ainda mais desafiador o processo de convergência da inflação à meta.
O diagnóstico trazido pela ata do Copom e a assimetria altista no balanço de riscos indicam que novas altas da taxa de juros Selic serão necessárias nas próximas reuniões. No entanto, o ritmo dos próximos passos e a magnitude do ciclo ainda não estão determinados. O comitê estará, portanto, fortemente dependente da evolução dos dados a serem divulgados até as próximas reuniões.