Comunicado do FOMC | Primeiras Impressões: FED corta juros em 25 pontos base e indica pausa para a reunião de janeiro
Por Marcela Kawauti – Economista-chefe da Lifetime Asset Management
O Federal Reserve cortou a taxa básica de juros em 25 pontos base na terceira reunião consecutiva de relaxamento monetário, levando os FED Funds para o intervalo entre 4,25% e 4,50% a.a.. Apesar do resultado dentro do esperado e manutenção do diagnóstico, o comunicado e as projeções que acompanharam a decisão trouxeram novas informações para o cenário prospectivo.
De acordo com a autoridade monetária, o mercado de trabalho vem desacelerando desde o início do ano, ainda que a taxa de desemprego permaneça baixa. A variação dos preços ao consumidor se mantém em direção à meta de 2%, mas segue em patamar elevado. Os riscos e incertezas em relação ao cenário prospectivo justificaram a decisão de corte moderado de juros, mas fez com que 1 dos 12 membros votantes argumentasse a favor de manutenção de juros.
Ademais, as projeções dos membros do colegiado indicam um cenário com menos espaço para cortes de juros nas próximas reuniões. Por conta da atividade econômica mais forte, as expectativas de inflação ao consumidor (medidas pelo PCE) foram revistas para cima neste ano e nos próximos e devem ficar acima da meta de 2,0% até 2026. A expectativa dos FED Funds foi revista de 3,4% para 3,9% ao final do ano, sugerindo apenas mais dois cortes nos próximos 12 meses. Por fim, as taxas de longo prazo passaram de 2,9% para 3,0% indicando juros altos por bastante tempo.
A expectativa de queda lenta de juros nos Estados Unidos e a revisão dos juros neutros para cima ajudaram a fortalecer ainda mais o dólar americano na tarde de ontem. O movimento foi visto em relação a todos os países emergentes, mas em intensidade significativamente maior em relação ao real brasileiro. Por aqui, a taxa de câmbio começou a quarta-feira próximo dos R$ 6,15/USD e o seu pior momento no intraday se aproximou dos R$ 6,30/USD, uma alta de mais de 2,0%. A crise de confiança em relação ao ajuste das contas públicas e à sustentabilidade fiscal segue como principal gatilho interno para a piora dos preços dos ativos, com especial destaque para a desvalorização do real e do aumento dos prêmios oferecidos nos títulos de renda fixa.