IPCA-15 abril | Primeiras Impressões: Prévia mensal da inflação segue acima da meta em 12 meses e Banco Central deve manter a postura contracionista.

Por Marcela Kawauti – Economista-Chefe da Lifetime Gestora de Recursos
A prévia da inflação ao consumidor medida pelo IPCA-15 desacelerou na comparação mensal, passando de 0,64% em março para 0,43% em abril, em linha com as expectativas de mercado. A variação mais comportada no mês foi puxada pelos grupos Habitação e Transportes, tendo em vista o recuo observado em importantes componentes, como energia elétrica residencial (-0,09%), passagens aéreas (-14,38%) e combustíveis (-0,38%).
Apesar de números mais baixos para abril, *no acumulado em 12 meses, o índice avançou de 5,26% para 5,49%, quase um ponto percentual acima do limite de tolerância da meta (4,50%), no patamar mais alto desde o início de 2023 e com composição pior que na divulgação anterior. O comportamento dos núcleos traz preocupação por conta do avanço nos principais grupos. Os serviços passaram de 5,59% para 5,73%. Também os alimentos no domicílio avançaram de 7,42% para 8,00% e os bens industriais acumularam 3,91% ante 3,39% no mês anterior na oitava elevação consecutiva nesta base de comparação.
A inflação corrente acima da meta e em elevação e os riscos inflacionários para o futuro devem manter o viés contracionista por parte do Copom. A pressão dos preços de serviços, as incertezas fiscais, e a forte desancoragem de expectativas devem manter a inflação oficial acima dos 4,5% até o terceiro trimestre deste ano. A conjuntura deve, portanto, manter a autoridade monetária em alerta e altas de juros adicionais podem ser necessárias nas próximas reuniões. Além disso, é provável que a Selic permaneça em patamares elevados por bastante tempo.