IPCA-15 março 2025 | Primeiras Impressões: Prévia mensal da inflação ao consumidor desacelerou em março, mas segue acima da meta em 12 meses

Por Marcela Kawauti – Economista-Chefe da Lifetime Gestora de Recursos
A prévia da inflação ao consumidor desacelerou na comparação mensal, passando de 1,23% em fevereiro para 0,64% em março. O IPCA-15 veio um pouco abaixo das expectativas de mercado que giravam em torno de 0,70%. A variação mais comportada no mês foi puxada por um fator sazonal – fim do efeito das mensalidades escolares – e, também, o fim do impacto do bônus de Itaipu nas contas de energia elétrica. No entanto, o número ficou acima da média do IPCA-15 para os meses de março, que é ao redor de 0,50%.
Apesar de números mais baixos, no acumulado em 12 meses, o índice avançou de 4,96% para 5,26%, se afastando ainda mais do limite de tolerância da meta e no patamar mais alto desde o início de 2023 e com composição pior que na divulgação anterior. O comportamento dos núcleos traz preocupação por conta do avanço nos principais grupos. Os serviços passaram de 4,98% para 5,59%. Também os alimentos no domicílio avançaram de 7,19% para 7,42% e os bens industriais acumularam 3,39% ante 3,19% no mês anterior na sétima elevação consecutiva nesta base de comparação.
A inflação corrente acima da meta e em elevação, bem como os riscos inflacionários para o futuro devem manter o viés contracionista por parte do Copom. Na ata divulgada na última terça-feira, o colegiado ressaltou inclusive que a variação dos preços acumulada em doze meses deve ficar acima do limite superior do intervalo de tolerância ao longo de todo o primeiro semestre, configurando descumprimento da meta sob o novo regime de apuração. A desvalorização do câmbio, que já começou a ser repassada para os preços de alimentos e bens industriais, ainda terá efeitos adicionais sobre outros produtos como medicamentos, roupas e acessórios. A isso se soma a pressão dos preços de serviços, as incertezas fiscais, e a forte desancoragem de expectativas. A conjuntura deve, portanto, manter a autoridade monetária em alerta, referendando as expectativas de altas de juros adicionais ao longo do primeiro semestre de 2025.