IPCA-15 novembro | Primeiras Impressões: Prévia da inflação ao consumidor acelera para 4,77% (acum. 12M) e supera o teto da meta
Por Marcela Kawauti – Economista-Chefe da Lifetime Asset Management
O IPCA-15 avançou de 0,54% para 0,62% entre outubro e novembro, bem acima das expectativas – cuja mediana sugeria desaceleração para perto de 0,50%. A piora da inflação ao consumidor foi puxada pela forte alta dos custos de alimentação – com especial destaque para os produtos in natura e a carne bovina – e das despesas pessoais – com efeito do aumento dos impostos sobre cigarro. Por outro lado, houve menor pressão do grupo habitação, em razão da redução da bandeira tarifária sobre as contas de energia elétrica para amarela, que passou a vigorar a partir de 1º de novembro.
Com esse resultado, o índice chegou a 4,77% no acumulado em 12 meses, o pior resultado desde novembro de 2023 e acima do limite de tolerância da meta (4,50%). O comportamento dos núcleos enseja atenção. Os preços de serviços voltaram a crescer e passaram de 4,37% para 4,45%, e deve seguir como ponto de cautela nos discursos dos membros do Copom. Além disso, o IPCA-15 trouxe aceleração dos bens industriais puxados pela desvalorização da moeda brasileira).
A prévia da inflação para o mês de outubro intensificou os riscos inflacionários com números acima do esperado e piora nos principais núcleos. A alta no IPCA corrente somada às incertezas fiscais, à desvalorização do real brasileiro e à forte desancoragem de expectativas devem manter a autoridade monetária em alerta. Há portanto, expectativa de continuidade do ciclo de alta de juros, inclusive com possibilidade de aumento no ritmo de elevação da Selic nas próximas reuniões.