IPCA-15 Setembro | Primeiras Impressões: Prévia da inflação ao consumidor desacelera pelo segundo mês e chega a 4,1%.
Por Marcela Kawauti – Economista-Chefe da Lifetime Asset Management
O IPCA-15 recuou de 0,19% para 0,13% entre julho e agosto na comparação mensal. O número surpreendeu o mercado que esperava uma aceleração para 0,28%. A variação mais modesta da inflação ao consumidor foi puxada pela queda em transportes (puxado por combustíveis) e despesas pessoais. Por outro lado, houve aceleração de habitação, puxado pela alta em energia elétrica e em alimentação, ambos impactados pelo clima adverso e as queimadas em todo o país.
Com esse resultado, o índice chegou a 4,12% no acumulado em 12 meses, abaixo dos 4,35% do mês anterior, mantendo a inflação ao consumidor abaixo do limite de tolerância da meta. O comportamento dos núcleos enseja atenção. Os preços de serviços passaram de 5,13% para 4,76%, um alívio importante em relação ao mês anterior. Apesar da desaceleração, o grupo se mantém acima do índice cheio ao longo de todo o processo de desinflação desde 2022 pressionado pelo mercado de trabalho aquecido e deve seguir como ponto de cautela nos discursos dos membros do Copom. Além disso, o IPCA-15 trouxe reaceleração de alimentação de domicílio e dos bens industriais (esses últimos puxados pela desvalorização da moeda brasileira).
Em resumo, o recuo nos dados mensais é bastante positivo, mas não dissipa os riscos inflacionários trazidos pelo Copom nos documentos que justificaram a retomada do ciclo de alta de juros. O elenco de riscos altistas inclui o estímulo do mercado de trabalho à demanda agregada, vigor na concessão de crédito às famílias, a política fiscal expansionista e a dupla desancoragem de expectativas.