IPCA março 2025 | Primeiras Impressões: IPCA se aproxima de 5,50% em 12 meses em meio à atividade econômica aquecida

Por Marcela Kawauti – Economista-Chefe da Lifetime Gestora de Recursos
Os preços ao consumidor, medidos pelo IPCA, desaceleraram de 1,31% em fevereiro para 0,56% em março, um pouco acima das expectativas de mercado (0,54%). Os principais destaques do dado mensal vieram de Alimentação e Bebidas (1,17%) e Despesas Pessoais (+0,7%).
A análise de períodos mais longos mostra que a inflação segue se afastando da meta. O índice acumulado em 12 meses cresceu de 5,06% para 5,48%. Os preços de serviços avançaram de 5,32% para 5,87% no período, pressionados pela inflação de demanda. Os preços de bens industriais, impactados pelo repasse defasado da alta do dólar no final do ano passado, registraram alta de 3,68% nesta base de comparação, ante 3,16% no mês anterior. Por fim, também houve aceleração na alimentação no domicílio, de 7,09% para 7,85%, ainda em patamar bastante elevado.
A variação dos preços ao consumidor e as suas aberturas seguem, portanto, elevadas. E os riscos prospectivos à inflação seguem com viés altista. O IBC-Br, uma aproximação do PIB calculada pelo Banco Central, cresceu 0,4% na em fevereiro na comparação com o mês anterior e 1,8% sobre o mesmo período de 2024. A atividade econômica tem sido puxada pela recuperação da agropecuária (depois dos efeitos negativos do clima no final do ano passado) e do mercado de trabalho aquecido. A pressão de demanda sobre a inflação, deve, portanto, continuar. Os dados argumentam a favor da manutenção de política monetária contracionista por parte do Banco Central, com mais altas previstas para o segundo semestre e manutenção da Selic em patamar elevado até o fim de 2025.