Primeiras Impressões: Prévia da inflação ao consumidor começou 2025 em desaceleração, mas segue no limite superior da meta

Por Marcela Kawauti – Economista-Chefe da Lifetime Asset Management
A prévia da inflação ao consumidor desacelerou em janeiro, segundo informou há pouco o IBGE. O IPCA-15 recuou de 0,34% em dezembro de 2024 para 0,11% no primeiro mês de 2025. O número veio, no entanto, acima das expectativas de mercado que previam estabilidade no mês. A desaceleração da inflação ao consumidor foi puxada pela queda de 15,46% na tarifa de energia elétrica que trouxe alívio temporário aos custos de habitação. Na outra direção, o grupo Alimentação e Bebidas segue em alta, com variação de 1,06% no mês – com especial destaque para os produtos in natura que sofrem com o impacto da desvalorização do câmbio.
Com esse resultado, o índice recuou de 4,71% para 4,50% no acumulado em 12 meses, no limite de tolerância da meta. O comportamento dos núcleos enseja atenção. Os preços de serviços aceleraram de 4,45% para 5,45%. Além disso, o IPCA-15 trouxe variação maior dos bens industriais puxados pela desvalorização da moeda brasileira.
Apesar da desaceleração mensal em relação a dezembro, os números de inflação de janeiro ainda apontam riscos inflacionários importantes para o futuro. A desvalorização do câmbio, que já começou a ser repassada para os preços de alimentos, ainda terá efeitos adicionais não somente sobre esse grupo como também para medicamentos, roupas e acessórios e bens duráveis. A isso se soma a aceleração dos preços de serviços, as incertezas fiscais, e a forte desancoragem de expectativas. A conjuntura deve, portanto, manter a autoridade monetária em alerta, referendando as expectativas de altas de juros ao longo do primeiro semestre de 2025.