Títulos Públicos | O aumento de incertezas e as oscilações nos papéis de Renda Fixa

Nos últimos dias o mercado observou uma forte elevação nos rendimentos dos títulos públicos. A título de exemplo, os juros reais dos ativos indexados à inflação, ou seja, o ganho oferecido além da correção pelo IPCA, passaram de cerca de 6,2% em agosto para próximo dos 7,0% em meados de setembro.
Esse nível de remuneração é atípico. A última vez que os títulos atingiram o patamar atual foi no período entre 2014 e 2015. Naquele momento, o viés expansionista da política fiscal ameaçava o equilíbrio das contas públicas, o governo federal se via envolto em denúncias de corrupção e o impeachment começava a se desenhar. Além disso, a economia brasileira estava em um período recessivo.
O pano de fundo por trás do movimento recente é composto por uma gama de incertezas domésticas e externas que resultam em um aumento do prêmio de risco dos títulos públicos – ainda que em intensidade menor do que se via no episódio anterior. Internamente, há dúvidas em relação aos rumos da política econômica. Do lado fiscal os dados indicam o não cumprimento da meta de equilíbrio do orçamento, prevista no novo arcabouço. No campo da política monetária, o Banco Central tem sinalizado um compromisso com a convergência da inflação à meta, embora permaneçam incertezas quanto ao comportamento dos novos membros da diretoria que assumem em 2025.
A conjuntura externa não traz alívio a esse cenário. A possibilidade de redução do ritmo de normalização de juros nos Estados Unidos e a escalada das tensões geopolíticas atuam em favor da reorganização do fluxo de capitais em direção ao dólar americano. Esse contexto exige rendimentos maiores para atrair investidores para o Brasil.
Qual o impacto deste movimento para o investidor?
A reprecificação de ativos gera efeitos relevantes sobre os rendimentos. O primeiro deles passa pelo entendimento da chamada marcação a mercado. Diariamente, os preços dos ativos oscilam, resultando em ganhos ou perdas com base nessas variações. Esse conceito é especialmente evidente em ativos de renda variável: à medida que o valor de uma ação aumenta, o investidor apura ganhos; se o valor diminui, surgem perdas.
No caso dos ativos de renda fixa, esse movimento é menos evidente, mas segue a mesma lógica. Quando os rendimentos de um título público aumentam, o preço desses ativos tende a cair, ou seja, o investidor percebe um deságio no seu investimento. Isso ocorre porque, com a emissão de novos títulos que oferecem taxas mais altas, os já emitidos, com taxas menores, perdem valor. O inverso acontece quando há uma queda nas taxas de rendimento dos títulos públicos, fazendo com que o preço dos ativos aumente e o investidor note um ágio no seu investimento. A apuração diária dessas variações é o que chamamos de marcação a mercado dos ativos de renda fixa.
Como vimos, o copo meio vazio é que a alta recente dos prêmios de risco prejudicou a valorização das carteiras. No entanto, mesmo com as marcações a mercado, os investidores que mantêm esses títulos até o vencimento têm a oportunidade de garantir uma taxa de carrego elevada. Além disso, o atual patamar de preços apresenta um ponto de entrada atraente para os investidores.
Por fim, em alguns casos, os investidores podem optar por trocar os papéis antes do vencimento. Essa troca pode ocorrer por diversos motivos, como a busca por melhores oportunidades de rendimento em novos títulos ou o ajuste da carteira às condições do mercado. A troca pode permitir a realização de ganhos (ágio) em títulos que valorizaram devido à queda nas taxas de juros ou possibilitar a alocação em ativos com taxas mais atrativas. Mesmo que, inicialmente, haja uma realização de perda, no longo prazo a superação desse ganho tende a ser benéfica ao investidor. Ao realizar essa movimentação, o investidor pode também melhorar a liquidez da carteira e, em certos momentos, garantir uma maior diversificação, reduzindo os riscos. Essa estratégia oferece flexibilidade para maximizar o retorno e se adaptar de forma mais dinâmica às variações de mercado.
Na Lifetime acompanhamos diariamente a evolução do cenário econômico e os impactos sobre os preços de ativos. Nossos especialistas estão prontos para oferecer a melhor alocação de acordo com cada perfil de riscos, com a indicação de produtos e serviços com boas perspectivas e proteção para o patrimônio.