Copom maio | Primeiras Impressões: Banco Central elevou os juros em 50 bps de 14,25% para 14,75% a.a.

Por Marcela Kawauti – Economista-chefe da Lifetime Gestora de Recursos
Em decisão unânime e de acordo com o antecipado, o Copom adicionou 50 pontos base à Selic, levando os juros básicos de 14,25% para 14,75% a.a., maior patamar desde 2016. Essa foi a sexta alta consecutiva desde o início do aperto monetário, que teve início em setembro do ano passado, somando um total contracionista de 450 pontos base. O movimento mais recente veio em linha com as indicações de diminuição de velocidade após a alta de 100 bps em março.
O Copom destacou o aumento da incerteza por conta da política comercial nos Estados Unidos, tendo em vista as dúvidas geradas em relação ao futuro daquela economia, bem como seus efeitos sobre o crescimento e inflação mundial. No Brasil, o comunicado ressaltou que o mercado de trabalho segue dinâmico, apesar da moderação incipiente na atividade.
Uma mudança importante em relação ao comunicado anterior foi a retirada da assimetria altista nos riscos prospectivos para a inflação. O Copom reconhece que a inflação segue acima da meta, mas que há riscos de alta e de baixa mais elevados que o usual. Por um lado, temos a desancoragem de expectativas, resiliência da alta dos preços de serviços, políticas econômicas interna e externa que trazem impacto inflacionário e depreciação persistente do câmbio. Por outro, a possibilidade de desaceleração mundial mais pronunciada e queda dos preços das commodities.
Por outro lado, as projeções do modelo do Copom trouxeram uma surpresa positiva com queda da previsão de inflação para este ano (de 5,1% para 4,8%) e no horizonte relevante (de 3,9% para 3,6% para o 3º trimestre do ano que vem), embora os números tenham se mantido acima da meta de 3,0%. Parte da revisão, no entanto, se deve a uma mudança de premissa para o câmbio (de R$/ USD 5,80 para 5,70), o que pode não se confirmar.
Com relação aos próximos passos, o Banco Central não se comprometeu com uma nova alta e indicou que já pode ter alcançado o patamar final do ciclo. Ainda assim, deixou a possibilidade de novos ajustem em aberto, caso os dados levem a uma piora no cenário para a inflação. Por outro lado, o colegiado indicou que os juros devem ficar altos por um período prolongado para assegurar a convergência da inflação à meta.