Federal Reserve vê espaço para um único corte de juros em 2024
Por Marcela Kawauti, economista-chefe da Lifetime Asset
Sem surpresas, o Federal Reserve (FED) manteve os juros no intervalo entre 5,25% e 5,50% pela sétima reunião consecutiva. As taxas seguem no patamar mais alto desde 2001. A decisão já era largamente antecipada pelo mercado, que estava ansioso pelas indicações do comunicado e, principalmente, pela atualização das projeções dos membros do colegiado.
O documento que acompanhou a decisão trouxe poucas mudanças no texto em comparação àquele divulgado no encontro anterior. Destaca-se a alteração do diagnóstico de falta de progresso em direção à meta de 2% para um termo mais positivo: progresso modesto. Por outro lado, os resultados dos modelos mostraram piora na visão prospectiva dos participantes do comitê em relação àquelas divulgadas em março.
As projeções para inflação pioraram tanto para este ano quanto para o próximo. A expectativa para os preços ao consumidor (medido pelo PCE) passou de 2,4% para 2,6% em 2024 e de 2,2% para 2,3% em 2025. Também os núcleos, que excluem os preços de alimentação e energia, devem ser maiores do que o que se previa. A convergência para a meta aconteceria apenas em 2025. A pressão maior de preços é esperada mesmo sem mudança na perspectiva para o crescimento da economia, o que indica resistência da inflação.
Por conta das expectativas mais conservadoras e da desaceleração lenta da inflação, os juros esperados pelos membros do Banco Central Americano aumentaram em relação ao previsto na reunião de março. A expectativa para este ano passou de 4,6% para 5,1% e para o ano que vem avançou de 3,9% para 4,1%. O comunicado indica, portanto, apenas um corte de 25 pontos base neste ano e 4 cortes da mesma magnitude em 2025. Vale ressaltar, no entanto, que a concretização do corte acontecerá apenas se os dados indicarem trajetória sustentável de convergência de inflação à meta.