FOMC reforça mensagem de cautela sem dar indícios sobre o início do ciclo de cortes dos juros
Por Marcela Kawauti, economista-chefe da Lifetime Asset
A ata da reunião do Federal Open Market Committee (FOMC) de maio de 2024 reforçou a mensagem de cautela já trazida na reunião de abril. A inflação segue como a principal preocupação do colegiado e foi citada 72 vezes no documento (ante 68 vezes na Ata da reunião anterior). Os números mais recentes mostraram um processo de desinflação mais demorado do que o antecipado, com aumento disseminado da inflação de bens e serviços ex-habitação. Ainda que não tenha sido detectado o progresso em direção à meta de 2%, os membros disseram esperar convergência no médio prazo.
O mercado de trabalho, ainda pressionado, caminha lentamente em direção ao equilíbrio. A força da atividade econômica mantém o desemprego baixo e o crescimento sólido dos salários fomenta a demanda aquecida. A expectativa do Federal Reserve (FED), entretanto, é de um crescimento do PIB em patamar menor que no ano passado.
A discussão dos participantes concluiu que os juros deveriam ser mantidos em patamar restritivo. A prudência se justifica pelo aumento dos riscos de resistência da inflação ao consumidor em patamar acima da meta. Mais notadamente, o FOMC destacou os eventos geopolíticos, que provocam aumento de preços de commodities e do custo de frete marítimo, e o crescimento dos salários.
Os membros se mostraram dispostos, inclusive, a subir os juros caso seja necessário para trazer a inflação à meta, mesmo que esse cenário não seja o mais provável. O documento terminou sem indicações em relação aos próximos passos do Banco Central americano. Uma eventual mudança na instância de política monetária está condicionada aos dados macroeconômicos, ao cenário prospectivo e à evolução do balanço de riscos.