Inflação ao consumidor americano desacelera em maio, mas segue acima da meta de 2%
Por Marcela Kawauti, economista-chefe da Lifetime Asset
No segundo mês consecutivo de desaceleração, os preços ao consumidor dos Estados Unidos saíram de 3,4% em abril para 3,3% em maio. Além do recuo, o número veio menor do que os 3,4% esperados pelo mercado. A boa notícia foi corroborada pelos núcleos, que excluem itens mais voláteis. como alimentação e energia, que passaram de 3,6% de 3,4%. Por outro lado, a variação nos preços de serviços segue alta, indicando que a diminuição foi focada em bens duráveis. Entre abril e maio, a alta acumulada em 12 meses se manteve em 5,2%.
A divulgação dos números de inflação americana foi positiva, seja por conta da desaceleração do índice cheio e do núcleo principal, seja por conta de resultados abaixo do esperado. Mas a resistência de serviços, a comparação com a meta e a análise da série histórica mostram que ainda há necessidade de cautela por parte da autoridade monetária. Os números seguem distantes dos 2% almejados pelo Federal Reserve (FED). A análise dos dados mostra que, apesar da desaceleração recente, a inflação ao consumidor se sustenta ao redor de 3,0% desde outubro do ano passado, indicando que o arrefecimento é mais lento que o desejado.
Vale lembrar que os membros do banco central dos EUA têm reiterado que o início do ciclo de corte de juros acontecerá somente quando a inflação tiver caminhado de forma sólida em direção à meta. Os dados do mercado de trabalho seguem firmes e os riscos à trajetória de inflação (força da demanda interna e aumento de custo de frete por conta das tensões geopolíticas) ainda não se dissiparam. Serão necessários, portanto, dados recorrentes de desaceleração de preços e o desenho de uma tendência sólida da inflação em direção à meta para que o FED se sinta confortável para iniciar o ciclo de normalização de juros.