Inflação dos EUA em janeiro vem sem grandes surpresas – Marcela Kawauti, economista Lifetime
Primeiras Impressões PCE 2023
Sem grandes surpresas, o PCE, principal métrica usada pelo FED para medir a inflação ao consumidor americano, fechou 2023 em 2,6%. A variação ficou estável em relação ao dado de novembro, dentro do esperado e no menor nível desde o início de 2021. O núcleo de inflação, calculado pelo expurgo de preços de energia e alimentos e relevante para medir o avanço de preços menos voláteis, recuou pelo oitavo mês consecutivo no acumulado em 12 meses e chegou a 2,9% em dezembro do ano passado, um pouco abaixo da expectativa de 3,0%.
O gráfico mostra a importante desaceleração dos preços ao consumidor em relação a 2022, quando fechou em 6,5%.
O resultado, somado aos dados do PIB americano divulgados ontem, é uma boa notícia para o Federal Reserve, pois corrobora o cenário de soft landing. A atividade econômica resiliente com desaceleração da inflação ao consumidor dá espaço para discussões a respeito do início do ciclo de queda de juros, mas a decisão efetiva ainda precisa de evidências mais fortes de que a inflação está controlada.
Por enquanto, a velocidade de convergência à meta segue lenta. Os próprios membros do FOMC projetaram na reunião de dezembro que o PCE fecharia 2024 em 2,4%, ainda acima do objetivo de 2%. Além disso, o recuo de preços pode ser limitado pela força da demanda interna e mercado de trabalho aquecido. Reflexo disso é o núcleo de inflação que vem rodando acima do índice cheio desde janeiro do ano passado, puxado principalmente pelos preços de serviços.
Esses grupos de inflação mais resistente serão acompanhados com lupa pela autoridade monetária americana.