IPCA-15 desacelera em junho, mas fica acima de 4,0% no acumulado em 12 meses
Por Marcela Kawauti, economista-chefe da Lifetime Asset
O IPCA-15 referente ao mês de junho avançou 0,39% na comparação com o dado de maio. O resultado veio abaixo da divulgação anterior (0,44%) e do esperado pelo mercado (0,45%). A desaceleração da variação mensal foi favorecida pelos transportes, que passaram de 0,77% em maio para -0,23% neste mês, puxados pelos recuos em combustíveis e passagens aéreas. Na outra direção, houve aceleração em alimentação (de 0,26% para 0,98%, com destaque para alimentos em natura) e habitação (de 0,25% para 0,63% por conta de reajustes nas tarifas de água e esgoto e energia elétrica residencial).
Por outro lado, a variação em 12 meses avançou de 3,70% para 4,06%, se aproximando do topo do intervalo de tolerância para o IPCA (4,50%). O crescimento mais forte no dado acumulado foi registrado nos núcleos de inflação ao domicílio, bens industriais e monitorados. Ao mesmo tempo, a notícia positiva ficou por conta da menor velocidade de alta dos serviços, que passaram de 5,10% para 4,62%.
A prévia dos preços ao consumidor de junho trouxe sinais mistos para a inflação corrente, e não deve mudar o diagnóstico do Comitê de Política Monetária (Copom) a respeito do cenário prospectivo para o IPCA. As pressões relacionadas à credibilidade da política monetária e fiscal, a desancoragem de expectativas e o ambiente externo desafiador permanecem e devem consolidar a expectativa de manutenção dos juros no patamar atual (10,50%) pelo menos até o final de 2024.