IPCA-15 acumulado em 12 meses fica abaixo dos 4,0% pelo segundo mês consecutivo em maio
Por Marcela Kawauti, economista-chefe da Lifetime Asset
O IPCA-15 de maio trouxe alta de 0,44% na comparação mensal, acima dos 0,21% verificados no mês anterior. Entretanto, o resultado veio abaixo das expectativas de mercado (0,47%) e trouxe o acumulado em 12 meses de 3,77% para 3,70%. O aumento dos preços em relação a abril foi puxado principalmente pela alta dos medicamentos (+2,06%), combustíveis (+2,10%) e passagens aéreas (6,04%). Houve também pressão dos efeitos sazonais da chegada de novas coleções às lojas que puxou o grupo Vestuário para cima (+0,66%).
Por outro lado, houve surpresa positiva com o aumento menor que o esperado de alimentação no domicílio (+0,22%). O IPCA-15 foi coletado entre os dias 16 de abril e 15 de maio, e abarcou, portanto, o período de fortes chuvas no Rio Grande do Sul. O IBGE informou que cerca de 30% da apuração referente à região metropolitana de Porto Alegre foi feita de forma remota (por telefone ou internet), mas que por conta da impossibilidade de coleta de dados de alguns produtos (como hortaliças e verduras), substituíram os preços faltantes com base em produtos similares disponíveis. Os efeitos da tragédia ainda não se refletiram plenamente no índice.
Em que pese o dado abaixo do esperado, a prévia dos preços ao consumidor de maio não deve servir de alívio ao cenário de inflação. Os analistas ainda precisarão de novas apurações para uma melhor análise do impacto da tragédia no Rio Grande do Sul. Além disso, o mercado de trabalho dinâmico, a desancoragem das expectativas e a inflação mundial resistente são fontes relevantes de pressão de preços, e ainda exigem prudência da autoridade monetária.