IPCA-15 | Primeiras Impressões: Prévia da inflação ao consumidor fechou 2024 em 4,71%, acima do teto da meta
Por Marcela Kawauti – Economista-Chefe da Lifetime Asset Management
A prévia da inflação ao consumidor trouxe surpresa positiva em dezembro. O IPCA-15 recuou de 0,62% para 0,34%, abaixo das expectativas do mercado, que previam algo em torno de 0,45% no período. A desaceleração da inflação ao consumidor foi puxada pela queda de 5,72% em energia elétrica que trouxe alívio temporário aos custos de habitação. Tal resultado teve como base a volta da bandeira tarifária para verde – quando não há cobrança adicional na fatura. Na outra direção, houve forte alta dos custos de alimentação – com especial destaque para os produtos in natura e carne bovina. O efeito, originado em boa parte na desvalorização de mais de 20% da moeda brasileira, tem impacto potencial relevante também para os próximos meses. Além de alimentação, o câmbio deve puxar os preços de medicamentos, roupas e acessórios e bens duráveis no início de 2025.
Com esse resultado, o índice chegou a 4,71% no acumulado em 12 e terminou o ano acima do limite de tolerância da meta (4,50%). Além disso, o comportamento dos núcleos enseja atenção. Os preços de serviços ficaram praticamente estáveis em 4,44%, ante 4,45% no mês anterior e deve seguir como ponto de cautela nos discursos dos membros do Copom. Além disso, o IPCA-15 trouxe aceleração dos bens industriais puxados pela desvalorização da moeda brasileira.
As informações trazidas pela prévia do IPCA foram referendadas pelos números do IGP-M. O índice, que inclui os preços ao consumidor, no atacado e na construção civil, avançou 0,94% no mês, acumulando 6,54% em 2024. Em 2023, o índice fechou em 3,18%. O repasse do câmbio para os preços dos insumos tem sido o principal destaque negativo neste sentido. Os preços no atacado avançaram 7,24% em 12 meses e aceleraram pelo 9º mês consecutivo. Vale destacar que a força da atividade econômica tem feito com que o repasse do câmbio atualmente seja mais rápido do que o registrado em ciclos anteriores.
Apesar da desaceleração mensal em relação a novembro, os números de inflação de dezembro ainda apontam riscos inflacionários importantes. O resultado acima da meta, somado às incertezas fiscais, à desvalorização do real brasileiro e à forte desancoragem de expectativas devem manter a autoridade monetária em alerta. Há portanto, expectativa de continuidade do ciclo de alta de juros ao longo do primeiro semestre de 2025.