IPCA volta a acelerar em abril puxado por alimentos, remédios e combustíveis
Por Marcela Kawauti, economista-chefe da Lifetime Asset
Após a surpresa positiva do IPCA-15, o dado fechado de abril veio acima das expectativas de mercado, com alta de 0,38% ante expectativa de 0,35% e resultado de 0,16% no mês anterior. Ainda assim, o dado em 12 meses desacelerou de 3,93% para 3,69%.
A abertura do indicador trouxe sinais mistos. Os destaques de alta foram o aumento sazonal de vestuário, além dos preços de medicamentos, alimentação em domicílio e combustíveis. O aumento desses dois últimos itens tem forte potencial de repasse aos demais preços ao consumidor, colocando incertezas em relação aos próximos meses.
A boa notícia ficou por conta dos preços de serviços, que recuaram de 5,1% para 4,6% no acumulado em 12 meses, em que pese a variação ainda acima do índice cheio. O grupo tem sido elencado como uma das principais preocupações do Copom por conta do mercado de trabalho aquecido e das pressões de demanda.
O resultado do IPCA de abril trouxe um alívio importante para a inflação corrente e de serviços. Contudo, o mercado de trabalho dinâmico, a alta de salários e a inflação mundial resistente serão fontes relevantes de pressão de preços para os próximos meses. Além disso, a desancoragem de expectativas e a piora na perspectiva de ajuste das contas públicas são obstáculos à convergência do índice em direção ao centro da meta. A evolução desses riscos e incertezas irão ditar os próximos passos do Banco Central brasileiro, que está fortemente dependente de dados.