IPCA reacelera após sete meses de recuo e se aproxima de 4,0%
Por Marcela Kawauti, economista-chefe da Lifetime Asset
O IPCA de maio avançou 0,46%, acima dos 0,38% do mês anterior e dos 0,42% esperados pelo mercado. A alta foi generalizada, com variação positiva em 8 dos 9 grupos que compõem o índice. Os destaques vieram de planos de saúde, energia elétrica e alimentos in natura. No acumulado em 12 meses, a inflação voltou a acelerar após sete meses consecutivos de recuo e passou de 3,7% para 3,9%.
Parte da alta foi puxada pela Região Metropolitana de Porto Alegre, que reponde por 7,5% do índice. Enquanto a média nacional dos preços de Alimentação em Domicílio tenha sido de 0,66%, na região ela foi mais de 5 vezes maior: 3,64%. O IBGE informou que cerca de 65% da apuração referente à capita do Rio Grande do Sul foi feita de forma remota (por telefone ou internet), mas que por conta da impossibilidade de coleta de alguns produtos, como hortaliças e verduras e pedágio, houve imputação dos dados faltantes.
A expectativa é de que os efeitos da tragédia climática sobre a inflação sejam temporários. Por outro lado, a alta dos preços de serviços segue resistente e deve ser fonte de preocupação na reunião do Copom da próxima semana. Em 12 meses, o grupo avançou de 4,6% para 5,1%, se distanciando do topo de intervalo de tolerância da meta (4,5%), reflexo do mercado de trabalho dinâmico e da atividade econômica aquecida. A piora nas expectativas, desvalorização do real, preocupação com o ajuste fiscal e inflação mundial resistente também são fatores que adicionam risco ao cenário de controle de inflação.