PIB: 2024 começou com força da atividade acima do esperado
Por Marcela Kawauti, economista-chefe da Lifetime Asset
O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro voltou a acelerar no primeiro trimestre, com crescimento de 0,8% na comparação com o final de 2023 (ante expectativa de mercado de 0,7%). No terceiro e quarto trimestres do ano passado, a atividade havia ficado próxima da estabilidade. Em relação ao início de 2023, a alta foi de 2,5%, acelerando em relação aos trimestres anteriores e acima dos 2,2% esperados pelo mercado.
Pelo lado da oferta, o crescimento trimestral teve dois destaques importantes. A agropecuária avançou 11,3%, com recuperação em relação ao segundo semestre do ano passado e impacto brando do El Niño. Também o setor de serviços avançou (+1,4%), mantendo o posto de principal motor da economia brasileira desde o ano passado.
Na ótica da demanda, a força da atividade foi calcada no consumo das famílias, que cresceu 1,5% puxado pelo aumento dos salários e pela força do mercado de trabalho. Também foi positiva a variação de 4,1% nos investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo), influenciado positivamente pelos efeitos defasados da queda na taxa Selic iniciada em meados de 2023.
O crescimento do PIB deve ser mais moderado no 2º trimestre. Em que pese a continuidade da força do mercado de trabalho, um aumento da inflação de grupos específicos pode pesar sobre a demanda. A piora nas tensões geopolíticas a partir de abril impacta a inflação importada por conta do aumento nos preços de frete e de commodities, além da desvalorização da moeda. Além disso, a catástrofe climática no sul do país deve ter efeitos negativos sobre os preços de alimentos e piora de setores como agricultura, transportes e turismo.