Copom março 2025 | Primeiras Impressões: Ata do Copom indica política monetária restrita por bastante tempo para trazer a inflação à meta

Por Marcela Kawauti – Economista-chefe da Lifetime Gestora de Recursos
A ata da reunião de março do Copom trouxe informações relevantes em relação aos próximos passos do Banco Central e indicou que estamos próximos do fim do ciclo, mas que a política monetária deve seguir restritiva por bastante tempo.
No cenário internacional, houve destaque para o aumento da incerteza por conta da política comercial norte-americana que gera dúvidas em relação ao futuro daquela economia e seus efeitos sobre o crescimento mundial e a reação dos bancos centrais. Para o Brasil, o comunicado ressaltou que há moderação incipiente do crescimento econômico em linha com o cenário base do comitê, mas sujeitos a revisões, tendo em vista que o mercado de trabalho ainda aquecido mantém as pressões sobre a inflação. Ao cenário de riscos quanto a estabilidade de preços se soma também o repasse da alta do câmbio no ano passado que já chegou aos bens industriais e ainda deve ser repassado para os preços no varejo. Por fim, a autoridade monetária ressaltou a deterioração adicional das expectativas que torna mais desafiador o cenário de convergência da inflação à meta e exige uma restrição monetária maior e por mais tempo.
Em suma, a comunicação trazida pela ata do Copom indicou que estamos próximos do fim do ciclo de aperto monetário, mas que ajustes adicionais – de menor magnitude – ainda podem ser necessários e que sua velocidade e expansão estarão fortemente dependente da evolução das variáveis econômicas. Neste cenário antecipamos que a Selic terminal deve ficar ao redor dos 15% a.a., patamar necessário para contrapor o cenário adverso e assegurar o firme compromisso com a convergência da inflação à meta. Além disso, o espaço para reversão desse ciclo e início de queda de juros deve acontecer apenas em 2026.