Payroll: Mercado de trabalho menos pressionado traz alívio, mas apostas de queda de juros seguem concentradas para o fim do ano
Por Marcela Kawauti, economista-chefe da Lifetime Asset
Depois dos dados de maio que haviam mostrado força do mercado de trabalho acima do esperado, a divulgação recente do payroll veio mais perto das expectativas e com desaceleração em relação ao mês anterior. Em junho foram criadas 206 mil novas vagas de emprego, abaixo dos 218 mil de maio. Além disso, os dois meses anteriores sofreram revisão para baixo, que mostraram 111 mil posições a menos que o divulgado anteriormente. Com esse resultado, a média mensal de vagas criadas no 1º semestre de 2024 ficou em 222 mil, abaixo dos 251 mil do ano anterior, corroborando com o diagnóstico de desaceleração da atividade.
Neste contexto, a taxa de desemprego avançou de 4,0% para 4,1%, no maior patamar desde 2021. A descompressão do mercado de trabalho aliviou o crescimento dos salários. Os ganhos por hora em junho desaceleraram para 3,9% (no acumulado de 12 meses), ante +4,1% em maio e de volta ao nível verificado ao final do primeiro trimestre do ano.
A perda de dinamismo da economia americana em junho traz indicações importantes para as decisões de política monetária. A desaceleração ordenada pode trazer alívio à inflação ao consumidor, em especial aos preços de serviços, dando espaço para que o FED possa iniciar o ciclo de normalização de juros. Ressalta-se, no entanto, que são necessários resultados recorrentes neste sentido para convencer a autoridade monetária que há espaço para cortes. A mudança de postura deve, portanto, acontecer apenas ao final de 2024.