EUA: reaceleração dos salários adiciona cautela ao FED e afasta início de corte de juros

Por Marcela Kawauti – Economista-chefe da Lifetime Asset
Os dados referentes ao mercado de trabalho americano mostraram uma nova rodada de pressão sobre a inflação, em especial os preços de serviços. Em maio foram criados 272 mil novos postos de trabalho, acima dos 165 mil do mês anterior e dos 180 mil esperados pelo mercado.
Esse foi o resultado mais forte desde dezembro do ano passado, e levou a média de criação de vagas nos primeiros 5 meses de 2024 para 248 mil, muito próximo dos 251 mil de 2023. A força do mercado de trabalho segue, portanto, próxima ao que vimos no ano passado, apesar dos juros em patamar restritivo.
O aumento da demanda por trabalhadores se refletiu na aceleração dos salários. A alta em relação ao mesmo mês do ano passado foi de 4,1%, acima dos 4,0% de março dos 3,9% esperados. Apesar da alta na taxa de desemprego (de 3,9% para 4,0%), o conjunto dos dados indica pressão adicional sobre os preços.
O resultado de abril mostra que ainda há um desequilíbrio importante entre a oferta e a procura por trabalhadores que pressiona os salários e impulsiona a demanda. O FED deve seguir, portanto, preocupado com a inflação ao consumidor. Vale ressaltar que, por conta da acomodação dos indicadores em patamar acima da meta, o comitê já havia indicado falta de progresso em direção à meta. A expectativa, portanto, é de adiamento da normalização de taxas de juros até pelo menos o final de 2024. Este cenário também traz força à moeda americana e deve ser levado em consideração na decisão de juros do Copom em meados do mês.