Mercado de Arte em Evolução: O Impacto das Transações Digitais
Por Graziela Martine e Patrícia Amorim de Souza | Art Homage
Nos últimos anos, o mercado de arte online se estabeleceu como um importante fenômeno, proporcionando novas oportunidades tanto para galerias quanto para colecionadores. Com a evolução tecnológica e o surgimento de plataformas digitais sofisticadas, as galerias agora têm a capacidade de alcançar um público significativamente mais amplo e diversificado. Num cenário onde a experiência do colecionador assume um papel central, as galerias estão reestruturando e ampliando sua atuação digital para conectar-se com uma nova geração de entusiastas da arte.
A relação estabelecida entre a plataforma e seus usuários é essencial para a operação de marketplaces especializados, como a Blombô, um marketplace para compra e venda de obras de arte. Os vendedores cadastrados fornecem descrições detalhadas e imagens de suas obras, enquanto a Blombô realiza a avaliação e análise da documentação, garantindo a qualidade e a veracidade dos itens verificados. Segundo Lizandra Alvim, fundadora e CEO da Blombô, “nossa visão sempre foi conectar colecionadores e apreciadores de arte com artistas.” Após a aprovação das obras, elas são disponibilizadas no site, onde compradores de todo o Brasil e do público internacional podem visualizá-las e fazer ofertas. Esse tipo de operação facilita a transação, cuidando de todo o processo, desde o pagamento até a logística e entrega, assegurando uma experiência segura e eficiente para todos os envolvidos.
Entretanto, operar em um ambiente digital também apresenta desafios. A necessidade de constante atualização tecnológica é um deles. “É preciso ter uma velocidade para acompanhar o que está acontecendo de mais relevante tanto no mercado da arte quanto na tecnologia”, afirma Lizandra. A Blombô acredita que o conteúdo é a base de tudo para atrair e engajar a nova geração de colecionadores, sendo fundamental “educar e formar colecionadores”. A plataforma utiliza múltiplos canais de comunicação, como newsletters e redes sociais, para distribuir conteúdos que incluem imagens e vídeos que ajudam a transmitir a experiência das obras, suas texturas e histórias.
O impacto da digitalização na experiência de compra de arte também foi acentuado pela pandemia, que funcionou como um divisor de águas. Lizandra destaca que a necessidade de adaptação ao novo contexto levou ao aperfeiçoamento de ferramentas como os OVRs (online viewing rooms), muito utilizados por galerias para aproximar a experiência virtual da presencial. Essa nova abordagem tem capacidade de simular as condições de visualização das obras em um ambiente físico. “Por mais que a experiência física ainda seja muito requisitada, desde a pandemia as duas modalidades de compra têm convivido e se complementado”, explica Lizandra.
Os números do mercado de arte revelam um crescimento notável nas vendas online: de 6 bilhões de dólares em 2019, os valores saltaram para 12,4 bilhões em 2020 e atingiram 13,3 bilhões em 2021, de acordo com o relatório da Art Basel & UBS, publicado em março de 2024. Apesar de uma queda de 17% nas vendas digitais em 2022, devido ao retorno das atividades presenciais, as transações online continuaram robustas, refletindo um aumento de 7% em 2023, totalizando 11,8 bilhões de dólares.
Além disso, as redes sociais, especialmente o Instagram, continuam a ser ferramentas cruciais para a promoção de galerias emergentes e para a visibilidade de artistas menos conhecidos. Com o aumento da competição e a complexidade dos algoritmos dessas plataformas, as galerias estão sendo instadas a diversificar suas abordagens e explorar novas formas de expandir seu alcance. Para maximizar a eficácia nas mídias sociais, a qualidade das imagens e a apresentação das obras nas plataformas digitais são componentes fundamentais, uma vez que galerias bem-sucedidas se esforçam para disponibilizar imagens de alta resolução, permitindo que potenciais compradores tenham uma visão clara e precisa das obras antes de decidirem pela aquisição.
À medida que um número cada vez maior de galerias adota essa estratégia, o panorama artístico continua a evoluir, tornando-se mais acessível e diversificado. Além disso, essa transformação promete oferecer experiências inovadoras aos colecionadores ao redor do mundo, desafiando as normas tradicionais de aquisição e apreciação de obras de arte.