Transformações no Mercado de Arte Contemporânea
Por Graziela Martine e Patrícia Amorim de Souza | Art Homage
O mercado de arte contemporânea está passando por mudanças profundas, criando oportunidades inéditas para novos colecionadores e investidores experientes. Mudanças econômicas têm facilitado o acesso a esse universo, enquanto recordes de vendas comprovam o contínuo interesse em obras de artistas consagrados.
Por um lado, as condições econômicas têm favorecido os colecionadores. Um relatório do Bank of America Private Bank destaca fatores como taxas de juros mais baixas, descontos em galerias e estimativas de leilão ajustadas, proporcionando um ambiente mais flexível para negociações. Isso beneficia tanto aqueles interessados em grandes nomes quanto os que buscam descobrir novos talentos, oferecendo maior liberdade e melhores condições de preço.
Essas tendências se refletem nos dados: em 2024, os preços em leilões cresceram apenas 1% acima das estimativas médias, o menor índice em sete anos. Além disso, 32% dos lotes em maio ficaram abaixo das estimativas mínimas, facilitando negociações vantajosas. No mercado primário, eventos como a Independent Art Fair têm oferecido opções acessíveis, com obras entre US$10.000 e US$50.000.
Ainda assim, o mercado continua registrando vendas extraordinárias. Em novembro, a Christie’s quebrou um recorde ao leiloar o desenho Untitled (1982), de Jean-Michel Basquiat, por US$22,95 milhões — o maior valor já pago por uma obra em papel do artista. O leilão totalizou US$106,5 milhões, com recordes para outros artistas como Sasha Gordon e Ana Mendieta.
O mercado latino-americano também tem mostrado crescimento significativo. Entre 2020 e 2023, as vendas de artistas da região aumentaram mais de 50%, superando US$250 milhões. Eventos como a Bienal de São Paulo e a ARCOmadrid foram fundamentais para ampliar a visibilidade global desses artistas, refletindo o poder das narrativas locais em um contexto cultural globalizado.
Outro destaque é a crescente presença de colecionadores jovens, que enxergam a arte como um ativo financeiro. O mercado de arte e colecionáveis deve ultrapassar US$2,8 trilhões até 2026, com 98% dos novos colecionadores considerando as obras relevantes para suas estratégias financeiras. Esse comportamento sinaliza um setor em constante adaptação, capaz de se reinventar diante das transformações econômicas.
Apesar das incertezas globais, a arte continua ocupando um papel central como investimento e expressão cultural. A descentralização e a democratização do mercado têm permitido que novos colecionadores acessem obras de qualidade, tornando o setor mais inclusivo e plural. Essa combinação de diversidade e inovação é o que sustenta a relevância da arte no futuro.
Seja por meio de feiras acessíveis ou leilões históricos, o mercado de arte oferece possibilidades para diferentes perfis de colecionadores. Essa capacidade de unir paixão, estratégia e visão reafirma o setor como um dos mais dinâmicos e fascinantes da economia criativa.
Fontes: Artsy – Bank of America Report, Artsy – Basquiat Record