Renda fixa no Brasil e nos EUA: qual é melhor?
A economia brasileira tem um histórico relevante de inflação. Ao longo dos anos 80 e a primeira metade dos anos 90, os índices de preços alcançaram patamares inimagináveis para os dias atuais. Em 1989, a inflação acumulada chegou a 1.973% e 1993 chegou a 2.477%.
O Plano Real, que completou 30 anos em 2024, mudou esse cenário (leia História de Valor #006: 30 anos do Plano Real). A desindexação da economia a partir de 1994 e o tripé macroeconômico a partir de 1999 foram eficientes em controlar a inflação. A média da variação anual do IPCA a partir de 1995, no entanto, foi de 7,0%, um patamar ainda relevante.
A necessidade de proteger os investimentos dos efeitos da inflação e preservar o poder de compra leva muitos investidores a se afastarem dos investimentos de renda fixa pré-fixados e migrarem para aqueles indexados à inflação como os títulos públicos IPCA+ (NTN-B).
O recente stress nos mercados levou a um aumento do prêmio de risco, e tornou o rendimento desses títulos ainda mais interessante. O juro real (acima da inflação) ultrapassou a marca dos 6,0% em abril e tem mantido uma média de 6,3% desde então. A elevação das taxas de retorno está associada a um aumento na percepção de risco dos investimentos no Brasil, influenciado por fatores internos (intervenção estatal, deterioração fiscal, eventos econômicos) e externos (altos juros nos EUA, riscos diplomáticos e incerteza política).
Em termos de risco retorno, a taxa atual oferecida pelos títulos públicos brasileiros é bastante interessante. No entanto, a análise mostra que essa taxa é historicamente alta: a média dos últimos 15 anos foi de 5,37%, com uma mediana de 5,64%. O gráfico a seguir agrupa o histórico do rendimento dos títulos atrelados à inflação. A média da remuneração oferecida desde abril, dentro do intervalo de 5,5% a 6,5%, está no mesmo patamar que a quase metade das observações registradas nos últimos 10 anos.
Nos Estados Unidos, o cenário é excepcional e também proporciona rendimentos interessantes para as aplicações em renda fixa. As taxas de juros, vigentes desde meados do ano passado seguem em patamar historicamente elevado (entre 5,25% e 5,50%). Os preços ao consumidor e o mercado de trabalho seguem pressionados, demandando cautela por parte do FED. A comunicação da autoridade monetária indica que os juros americanos devem seguir altos até que a inflação mostre uma tendência sólida em direção à meta.
A título de comparação, repetimos o exercício acima (juros reais da NTN-B) para os rendimentos atrelados à Treasury de 10 anos*. O cenário fora do ordinário de juros altos e inflação resistente traz retornos muito acima da média histórica. Nos últimos anos, houve oportunidades semelhantes em menos de 2,5% das vezes.
Os exercícios mostram que há oportunidades interessantes de alocação, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, sendo que no segundo caso, há excepcionalidade no patamar atual.
Nesse sentido, qual dos dois é mais vantajoso?
A resposta é: ambos!!
O patamar atual é um bom ponto de compra e pode contribuir para a diversificação dos portfólios. A alocação doméstica em títulos públicos atrelados à inflação entrega retornos reais interessantes além de proteção contra a deterioração do poder de compra dos investidores. Por outro lado, a alocação offshore gera retornos historicamente elevados, com proteção cambial e descorrelacionados do risco Brasil.
Uma carteira de investimentos equilibrado ajuda a mitigar riscos e aproveitar taxas de retorno atraentes. A divisão entre a parcela doméstica e offshore dos do patrimônio alocado em cada país deve ser feita considerando alguns fatores importantes:
- Necessidade de diversificação;
- Eficiência tributária;
- Necessidade, perfil e objetivos do patrimônio de cada família;
- Oportunidades globais;
- Custos da reorganização geográfica e documentação exigida.
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