A crise hídrica já faz parte do calendário anual, porém o período de estiagem se intensifica e tudo aponta para um cenário cada vez mais delicado. O precedente é a crise ambiental, que afeta sistemicamente todas as esferas da sociedade, inclusive o mercado financeiro. A falta de energia é resultado do comprometimento dos recursos naturais e da desorganização na tentativa de soluções mais limpas na matriz energética, impactando diretamente o desenvolvimento econômico global.
Neste momento, após prenúncios assertivos desde maio por parte de estudiosos, o país passa por atribulações em relação ao abastecimento de energia proveniente de hidrelétricas. O Sistema Interligado Nacional (SIN) está com sua capacidade abaixo de 40%, o menor nível dos últimos 20 anos. Segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) divulgados em setembro, quatro em cada 10 reservatórios estão com níveis abaixo de 20% da capacidade.
Alternativas para suprir a escassez de água
O cenário é preocupante, mas, diferente de 2001 quando aconteceu o “apagão” durante governo de Fernando Henrique Cardoso, o Brasil possui atualmente uma infraestrutura diversificada de matriz energética, o que nos torna menos dependentes das fontes hídricas
Em 2001, a capacidade de energia instalada era de 57 GW, da qual 85% eram provenientes de fonte hídrica. Hoje, 20 anos depois, temos 167 GW de capacidade instalada, sendo 63% de fonte hidráulica e 21% de fonte térmica, o que comprova um sistema mais robusto e diversificado.
Devido à escassez de chuva, dados da ONS informaram que o mês de agosto foi recorde no uso de energias alternativas – como as provenientes de fonte térmica, solar e eólica -, enquanto isso a produção das hidrelétricas vem caindo.
Apesar da diversificação da matriz energética, a estiagem no sudeste do país é tão grande que já é possível ver cidades do interior de São Paulo passando por períodos de falta e racionamento de água.
O uso de matrizes alternativas, como as termelétricas, que foram responsáveis por quase 30% da energia elétrica gerada no país em agosto, resulta no aumento das tarifas pelas agências reguladoras, o que impacta diretamente o bolso dos brasileiros. Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), esse uso excessivo das termelétricas para garantir o fornecimento em 2021 irá custar mais de R$ 9 bilhões aos consumidores.
A crise hídrica para investidores
O agravamento da crise hídrica pode retardar ainda mais a recuperação econômica do país, piorando o atual “mau humor” para os mercados locais e pressionando negativamente as ações listadas na bolsa, que esperam um país “voltando ao normal” mais rapidamente, dado o ritmo de vacinação.
No setor energético há especificamente três segmentos que podem ser afetados:
- Geração
- Distribuição
- Transmissão
Dentre eles, a transmissão é o segmento menos afetado, dado que sua receita é regulada e independe da demanda energética.
A distribuição só será afetada em um possível racionamento, gerando impacto na receita do segmento, já que o volume de energia vendido será reduzido.
A geração é o estágio mais afetado por uma crise hídrica, principalmente, em empresas que possuem maior participação de hidrelétricas em suas carteiras, pois necessitarão comprar energia no mercado para garantir seus contratos. E, como mencionado anteriormente, com o preço elevado da energia, será necessário um desembolso maior por parte das companhias, impactando diretamente os resultados.
Reunindo forças com a Renda Fixa
Quando falamos de investimentos em Renda Fixa, o aumento do custo de energia repassado ao consumidor acarreta numa pressão inflacionária maior, impulsionada por outros elementos. Temos projetada uma inflação muito acima da meta para 2021. Enquanto para o Bacen a meta é de 3,75%, as projeções indicam IPCA algo em torno dos 8,45% a 9% neste ano.
O Copom continua seu ciclo contracionista na política monetária elevando a taxa SELIC nas últimas reuniões em 100 pontos, e vem demonstrando preocupação. Especialmente em sua última ata, publicada em setembro, é falado de uma possível desancoragem das expectativas da inflação já para 2022 e informa que o BC está utilizando em seus modelos a bandeira tarifária em “vermelha patamar 1” neste mês de dezembro e nos próximos dois anos.
O governo anunciou que manterá a nova bandeira tarifária de “escassez hídrica” até 30 de abril de 2022, gerando pressão no IPCA.
A combinação de alta da taxa Selic e da contínua pressão no IPCA traz grandes oportunidades na Renda Fixa, seja via títulos públicos, seja via crédito corporativo.
Investimentos que pagavam ao investidor IPCA + 3% no final de 2020, hoje já estão pagando IPCA + 4,90%. Em créditos corporativos como debêntures incentivadas, ou seja, isentas de IR, já é possível encontrar investimentos em boas empresas com taxas IPCA + 5,50%. Dentro dessas opções, diversos títulos são voltados para o fomento do setor elétrico, seja na parte de geração ou transmissão, e em títulos voltados à energia eólica, solar e térmica, também com taxa atrativa e de empresas de grande porte.
Com expectativas de chuvas acima da média nos meses de outubro e novembro, teremos um cenário mais limpo, ao menos essa é a expectativa para 2022, e um consequente alívio da energia elétrica a partir do segundo quadrimestre.
Nós da Lifetime acompanhamos o mercado nacional e internacional para oferecer informações precisas e coerentes para que nossos investidores possam tomar decisões coerentes e eficientes para seu patrimônio. Entre em contato conosco e descubra como ter soluções financeiras adequadas para seu perfil sempre à disposição.
Este material foi preparado pela Lifetime e tem como objetivo único fornecer informações, ele não constitui e nem deve ser interpretado como sendo uma oferta de compra ou venda ou como uma solicitação de uma oferta de compra ou venda de qualquer instrumento financeiro ou de participação em uma determinada estratégia de negócios em qualquer jurisdição. As informações nele contidas baseiam-se nas melhores informações disponíveis, recolhidas a partir de fontes oficiais ou críveis. Este material é para uso exclusivo de seus receptores e seu conteúdo não pode ser reproduzido, redistribuído, publicado ou copiado de qualquer forma, integral ou parcialmente, sem expressa autorização. A Lifetime não se responsabiliza, e tampouco se responsabilizará por quaisquer decisões, de investimento ou de outra forma, que forem tomadas com base nos dados desse material. Rentabilidade obtida no passado não representa garantia de resultados futuros.
Compartilhe a matéria nas redes sociais:

Rafael Canto | Head da Mesa de Renda Fixa da Lifetime Investimentos
Está com dúvidas? Entre em contato com os nossos especialistas.
POSTS RELACIONADOS

Análise de Mercado | Comentário Semanal – 16/05/2022
Confira as principais movimentações desta semana – Copom, Fed, Inflação



Análise de Mercado | Comentário Semanal – 02/05/2022
Confira as principais movimentações desta semana – Copom, Fed, Inflação



Análise de Mercado | Comentário Semanal – 18/04/2022
Confira as principais movimentações desta semana – Copom, Fed, Inflação
Comentários