CPI dos EUA de fevereiro | Primeiras Impressões: piora nos preços ao consumidor pode atrasar ciclo de corte de juros
Pelo segundo mês consecutivo o CPI surpreendeu com resultado acima do esperado. Desta vez, o dado de fevereiro trouxe uma alta de 3,2% no acumulado em 12 meses, acima dos 3,1% que eram esperados pelo mercado e que haviam sido registrados no mês anterior.
Após um pico de 9,0% em junho de 2022, a inflação ao consumidor americano desacelerou até meados do ano passado. A partir de então o indicador oscilou próximo a 3,0% e, portanto, acima da meta estabelecida pelo FED (ao redor de 2,0%). A resistência dos preços tem sido puxada pelos serviços. Em fevereiro a alta acumulada em 12 meses deste grupo ficou em 5,0% pelo terceiro mês consecutivo, bem acima do índice cheio. O impulso à demanda que vem do mercado de trabalho aquecido é o principal fator por trás dessa evolução e por isso esse grupo de variáveis é acompanhado de perto pelo FED.
O CPI divulgado nessa terça foi o último indicador de inflação a ser conhecido antes da reunião do FOMC que será no próximo dia 20 de março. A expectativa majoritária é de manutenção dos FED funds no patamar entre 5,25% e 5,50%, vigente desde o segundo semestre de 2023. Assim, o foco se volta à comunicação da autoridade monetária, dado que a resiliência do mercado de trabalho (em que pese alguma descompressão em fevereiro) e a acomodação dos preços ao consumidor em patamar alto podem levar o FED a dar início ao ciclo de queda de juros apenas na virada do primeiro para o segundo semestre do ano.
Por: Marcela Kawauti – Economista da Lifetime Asset