IPCA (fevereiro) | Primeiras Impressões: Inflação ao consumidor mantém-se ao redor do teto da meta
Após uma alta de 0,42% na inflação de janeiro, os preços ao consumidor avançaram para 0,83% em fevereiro, acima das projeções que giravam em torno de 0,78%. Em 12 meses, o indicador passou de 4,51% para 4,50%, uma pequena queda que manteve a inflação no limite da meta estabelecida pelo Banco Central. Vale ressaltar que o objetivo de inflação, que era de 3,25% em 2023, passou para 3,00% em 2024, com o teto do intervalo de tolerância recuando de 4,75% para 4,50%.
O principal responsável pela alta verificada entre janeiro e fevereiro veio do grupo Educação, que avançou de 0,33% para 4,98% na comparação mensal, por conta do reajuste de escolas e cursos que tradicionalmente acontece no início do ano letivo. Além do resultado, que tem caráter sazonal, os preços ao consumidor também foram puxados por transportes, alimentação e serviços de telefonia e internet.
A abertura por núcleos, por outro lado, mostrou algum alívio nos preços de serviços, que passaram de 5,0% para 4,9% no acumulado em 12 meses. Também, o índice de difusão, que mostra o percentual de itens em alta dentro da cesta do IPCA, recuou de 65,3% em janeiro para 57,0% em fevereiro.
A evolução dos preços ao consumidor em fevereiro trouxe sinais mistos. Por um lado, houve alívio no grupo de serviços, uma das principais preocupações do Copom por conta de sua lenta desaceleração. Na outra direção, o encarecimento de alimentação e transportes tem alto potencial de repasse e pode contaminar outros preços da economia, especialmente em um ambiente de mercado de trabalho forte e demanda aquecida. O Copom deve manter o ritmo de cortes de juros de 0,5 p.p. na reunião que acontece na próxima semana (20 de maio), e a evolução do balanço de riscos será fundamental para determinar até onde a autoridade monetária poderá avançar com o afrouxamento monetário.
Por: Marcela Kawauti – Economista da Lifetime Asset