Nova política de dividendos da Petrobras surpreende o mercado; entenda o que muda
As ações da Petrobras (PETR3/PETR4) operavam em forte alta nesta segunda-feira (31), repercutindo a divulgação da nova política de dividendos da companhia, que surpreendeu positivamente o mercado.
De acordo com a política antiga, a companhia deveria distribuir pelo menos 60% do seu fluxo de caixa livre na forma de dividendos trimestrais, medida que foi duramente criticada durante as eleições de 2022.
Investidores temiam um corte agressivo no valor a ser distribuído para os acionistas, mas a Petrobras comunicou na sexta-feira (28) que reduzirá o pagamento de dividendos trimestrais para pelo menos 45% de seu fluxo de caixa livre.
A distribuição desse percentual do fluxo na forma de proventos será condicionada à manutenção da dívida bruta da companhia em um patamar inferior a US$ 65 bilhões. A nova política também permite que a companhia recompre ações e distribua dividendos extraordinários, ou seja, acima do mínimo estipulado, como recursos para gerar valor para os acionistas.
Além disso, a nova política assegura a distribuição de no mínimo US$ 4 bilhões em dividendos aos acionistas nos exercícios nos quais o barril de petróleo Brent se mantiver acima de US$ 40. Vale lembrar que a cotação atual do barril no momento do anúncio girava em torno de US$ 85, e a última vez que o preço ficou abaixo de US$ 40 foi em junho de 2020, no ápice da pandemia do coronavírus.
O que esperar da Petrobras?
A mudança afasta os temores de uma mudança muito abrupta na administração da companhia e traz um pouco mais de previsibilidade para os investidores, mas ainda há incertezas acerca do que esperar do desempenho da empresa.
A companhia apresentou bons resultados no primeiro trimestre deste ano, com lucro líquido de US$ 38 bilhões, mas a diferença entre os preços praticados pela Petrobras e os preços praticados pelas refinarias privadas segue crescendo, com a estatal vendendo gasolina com um desconto de 23% em relação às concorrentes privadas, de acordo com dados do Observatório Social do Petróleo (OSP).
Por ora, a Petrobras segue sendo uma companhia saudável, com um endividamento sob controle e capacidade de gerar lucro com o preço do barril de petróleo no patamar atual, mesmo com a defasagem com relação aos preços praticados no mercado internacional.
Contudo, é preciso ressaltar que a companhia dificilmente alcançará resultados tão expressivos quanto aqueles observados nos últimos trimestres, principalmente no que diz respeito à distribuição de proventos. A nova política sinaliza que a Petrobras continuará sendo uma boa pagadora de dividendos, mas distribuindo proventos mais tímidos com relação ao que foi pago em 2022.